Fruticultura do Paraná ganha força com apoio do Estado

Um conjunto de investimentos realizados com apoio do Governo do Paraná impulsiona o  crescimento da fruticultura no Estado. Somente em 2020, a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento destinou mais de R$ 1 milhão em recursos para fomentar a atividade em 25 municípios.

As ações incluem aquisição de mudas de diversas espécies, qualificação de agricultores e desenvolvimento de unidades de referência. O objetivo é organizar a cadeia produtiva, qualificar a produção e ampliar a comercialização das frutas paranaenses, gerando mais empregos e renda.

No total, 26 convênios destinam recursos para municípios das regiões de Jacarezinho, Cornélio Procópio, Pitanga, Ponta Grossa e União da Vitória, com benefícios diretos para a agricultura familiar. É resultado de um esforço conjunto de produtores, prefeituras, iniciativa privada, associações e pequenas cooperativas, aliados ao Governo do Estado.

QUALIFICADO 

O secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, afirma que embora a atividade já seja significativa no Estado –  o setor rendeu R$1,7 bilhão em 2018 –, pode ser ainda maior.

“Já temos casos de sucesso no Paraná, mas a fruticultura pode ocupar um espaço mais qualificado e importante na composição da renda das famílias, e esse é o nosso desafio”, afirma Ortigara. “Existe uma infinidade de espécies que podem ser cultivadas no Paraná com muita competência e atender indústrias de alimentos e cosméticos, por exemplo”, diz.

POR REGIÃO

Estima-se que o cultivo de frutas possa render, dependendo da espécie, até cinco vezes mais do que o cultivo de grãos. A região de Curitiba se destaca na produção de uvas para sucos e vinhos, o Noroeste do Estado produz laranjas para indústrias de sucos.

Além disso, o Paraná se destaca com produtos que têm certificação de origem, como a goiaba de Carlópolis, no Norte Pioneiro, que já é exportada. A bala de banana do Litoral também está em processo de busca por certificação.

MAIS PLANOS 

Ortigara completa que o Governo Estadual tem mais planos para a agricultura familiar nos próximos anos. “É um processo que não vai parar. Estamos colocando na legislação orçamentária do Estado uma série de apoios formais, técnicos, financeiros ao campo, transferindo recursos por meio do Coopera Paraná para diversas cooperativas, e devemos regulamentar uma lei que vai permitir reduzir a taxa de juros para algumas atividades importantes, entre elas fruticultura. São formas de tornar mais barato para o agricultor fazer seus investimentos”, diz.

DESENVOLVIMENTO REGIONAL

Grande parte dos recursos, cerca de R$ 540 mil, é destinada à região de Cornélio Procópio, onde os benefícios virão de uma parceria com o setor privado. A instalação da empresa Villa Puree, em Santo Antônio do Paraíso, vai garantir o escoamento da produção regional.

Os convênios preveem a aquisição de mudas de abacaxi, ameixa, manga, goiaba, maracujá, morango, pêssego e pitaya. A indústria, que trabalha com processamento de frutas, está em processo de instalação, com início da operação previsto para este ano.

Para o chefe do núcleo regional da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento em Cornélio Procópio, Fernando Itimura, as mudanças serão econômicas e sociais, com diversificação e renda para os municípios.

Ele explica que o núcleo regional e o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná Iapar-Emater (IDR-Paraná) colaboraram na elaboração dos planos de trabalho. Foram realizados estudos para definir os critérios de seleção dos produtores de acordo com o perfil da indústria, seguindo também as recomendações ambientais. “É uma forma de estimular o desenvolvimento regional”, diz. Aproximadamente 100 agricultores de pequeno e médio porte serão atendidos  com os convênios na região.

EXPECTATIVA

Entre os fruticultores, a expectativa é grande. Com perspectiva de aumento na renda, o produtor Silvio Nakamura, de Santo Antônio do Paraíso, está deixando o cultivo de grãos para investir em frutas como goiaba e pitaya. “Antigamente eu plantava pêssego, nectarina, atemoia, maçã, mas parei, pois nem sempre conseguia vender. Então optei por soja, trigo e milho. Mas com a instalação da fábrica, posso ganhar mais com as frutas. Acho que todo o município vai crescer”.

INOVAÇÃO

Apenas no Norte Pioneiro, são 15 convênios com municípios e associações de agricultores. Serão instaladas plantações de maracujá, abacaxi, morango e goiaba em 13 municípios para difundir alta tecnologia de cultivo e ampliar a produção de frutas na região, totalizando R$ 683 mil em recursos.

Serão beneficiados 565 agricultores, além das associações e cooperativas. O chefe do núcleo regional de Jacarezinho, Fernando Emmanuel Vieira, explica que o foco está na inovação tecnológica.  “Um exemplo é o plantio do abacaxi no muching, que permite produção mais precoce, melhor qualidade, maior peso do fruto e sem uso de herbicidas”, diz.

Além de lavouras convencionais, em 30% das culturas está sendo implantado o sistema orgânico, que ganha espaço na região com apoio do Programa Mais Orgânico e a assistência técnica do IDR-Paraná, em parceria com as prefeituras municipais. “Teremos fruta certificada orgânica, com alto valor de mercado e excelente aceitação”, completa.

DESTAQUE

A Região do Norte Pioneiro se destaca como polo de fruticultura, envolvendo cerca de 2,5 mil fruticultores. É a maior produtora de goiaba e morango do Estado e aumentou sua produção de abacaxi, maracujá, uva e abacate.

O Valor Bruto de Produção (VBP) anual é de aproximadamente R$ 168,8 milhões. Além de abastecer o comércio e as indústrias de polpas locais, a boa localização da região permite a comercialização com os grandes centros consumidores, como São Paulo, Curitiba e Londrina.

PROGRAMAS INSTITUCIONAIS

Emmanuel avalia que outra importante via de comercialização são os programas institucionais de aquisição de alimentos (PAA, PNAE, Compra Direta Paraná). “A diversificação das propriedades familiares com a fruticultura tem aumentado da renda do agricultor familiar, melhorando a sua qualidade de vida e promovendo a sucessão no campo. Queremos consolidar a região como polo fruticultor, dando oportunidades de diversificação aos produtores”.

COOPERATIVAS

Entre as cooperativas beneficiadas está a Coompetir, de Ibaiti, que tem 22 cooperados com certificado orgânico produzindo goiaba, banana, laranja, além de verduras, legumes, pães, doces e polpas. Segundo o presidente, Joel Garcia, entre as dificuldades está a comercialização e a instabilidade dos preços. “Esperamos fazer nossa parte da melhor forma possível no projeto, com produtos de qualidade e saudáveis. A produção tende a aumentar visto que a cooperativa proporciona justamente a união dos produtores, facilitando os processos de comercialização e produção”, diz.



Programa de Revitalização da Viticultura Paranaense

Seis convênios desse conjunto representam o pontapé inicial das prefeituras com apoio do programa Revitis – Revitalização da Viticultura Paranaense, lançado em novembro de 2019 para estimular a produção de uvas no Paraná a partir de quatro eixos: incentivo para a produção, reorganização da comercialização, desenvolvimento do turismo e apoio à agroindústria.

O programa busca fortalecer a cadeia como resposta à falta de matéria prima local para atender a demanda da agroindústria, além de atender o mercado consumidor com uvas de mesa in natura e incrementar o turismo rural ligado ao setor.

Parte dos projetos incluiu implantação de unidades de referência, e outra parte trata da ampliação da produção para os agricultores que já atuam no setor, principalmente na produção de sucos e vinhos de mesa. Em Bituruna, por exemplo, está prevista a aquisição de mudas de viveiros certificados pela Embrapa. “Os produtores terão oportunidade de trabalhar com mudas de qualidade sanitária para ampliar sua produção. Essas ações vão fortalecer a agroindústria do Paraná, já que há perspectiva de aumento da demanda, especialmente para produção de sucos”, explica o coordenador do Revitis pela Secretaria da Agricultura, Ronei Andretta.

Os produtores paranaenses importam mais de 90% das uvas de mesa que utilizam para fazer sucos e vinhos coloniais e cerca de 84% das uvas para vinhos finos. O programa visa minimizar esse modelo comercial desequilibrado. Segundo Andretta, a expectativa para 2021 é que o Revitis apoie 40 projetos comunitários nos municípios, onde será realizada avaliação de mercado e elaboração de projetos técnicos com participação de pequenos produtores. Os recursos serão viabilizados por meio de convênios com prefeituras e cada produtor poderá receber até mil mudas.

No total, aproximadamente 600 produtores serão beneficiados. Assim, nos próximos 4 anos, o Revitis vai selecionar 200 projetos de até R$ 300 mil cada para impulsionar a viticultura paranaense.



Unidades de referência farão a difusão de informação

O Paraná tem aproximadamente 27 mil fruticultores atuando em 55 mil hectares de 164 municípios. No IDR-Paraná, 158 extensionistas  atuam no Projeto Fruticultura, para dar apoio aos produtores. “É uma atividade que exige muito estudo e atualização constante. O produtor precisa de conhecimento”, diz o coordenador estadual da Fruticultura no Instituto, Eduardo Agostinho dos Santos.

Essa é mais uma lacuna que as iniciativas do Governo do Estado buscam atender, por meio da capacitação de produtores e técnicos, nas Unidades de Referência, que são propriedades cedidas para a difusão de informação.

As Unidades são uma estratégia da extensão rural para levar a campo as informações da pesquisa. Isso pode acontecer com visitas técnicas, realização de Dias de Campo e acompanhamento técnico. “Há uma demanda crescente em todo mundo por alimentos seguros. As unidades ajudam a organizar a cadeia produtiva, buscam uma base tecnológica para a segurança alimentar, e ajudam na capacitação de técnicos e produtores. Com mais organização, a fruticultura poderá disputar novos mercados”, diz.



Confira os municípios contemplados pelos convênios

Os municípios contemplados pelos convênios são Andirá, Assaí, Bituruna, Boa Ventura de São Roque, Cambará, Congonhinhas, Conselheiro Mairink, Guapirama, Ibaiti, Japoti, Japira, Jundiaí do Sul, Mato Rico, Nova Santa Bárbara, Nova Tebas, Palmeira, Pinhalão, Pitanga, Quatiguá, Ribeirão do Pinhal, Santo Antônio do Paraíso, São Jerônimo da Serra, São José da Boa Vista, Tomazina e Wenceslaw Braz