Nas piscinas do Clube da Gente, paratletas treinam em busca de saúde e medalhas

Todas as quartas-feiras de manhã, as raias da piscina de natação do Clube da Gente do Tatuquara são ocupadas por um grupo de paratletas curitibanos premiados, determinados a conquistar novas medalhas. Os nadadores são alunos das turmas regulares de natação, que se destacaram no esporte e treinam às quartas para se preparar para as competições. Todos os atletas do grupo já foram premiados em competições de natação.

A coordenadora do Clube da Gente do Tatuquara e paratleta Lorena Isabel Bylnoski, conta que o esporte ajuda a dar um novo sentido à vida da pessoa com deficiência, como um sentimento de pertencimento e reconhecimento, fortalecido pelas competições.

“A medalha em si não vale nada, não é um ouro, não é uma prata, mas tem um significado maior que isso. Significa que você fez parte daquilo e que você conseguiu”, destacou a coordenadora.

Analgésico na gaveta

Para os paratletas, a natação também é uma ferramenta de construção de uma vida mais saudável e confortável, com melhoras nos problemas causados pelas doenças ou condições físicas. Flaviano Fagundes conta que já dependeu de uma cadeira de rodas para se locomover, e hoje anda com tranquilidade.

Flaviano, que hoje tem 32 anos, desenvolveu uma doença neurológica que lhe deixou tetraplégico, comprometendo 80% de sua massa muscular em 2017. Depois de dois anos de fisioterapia, ele recebeu a recomendação médica de iniciar a natação e não parou mais, se tornando um paratleta premiado nacionalmente.

“Recebi indicação do neurologista pra cair na água, e tive uma evolução enorme. Larguei até a bengala, várias sequelas foram embora, graças à natação e graças ao Clube da Gente do Tatuquara”, contou Flaviano.

Seu colega de esporte, Giovani Mayer, 53, relata que a natação mudou sua relação com sua bolsinha de remédios. Giovani teve ceratocone, uma doença ocular que comprometeu 70% de sua visão, além de lhe causar enxaquecas, tanto pela doença quanto pelas cirurgias decorrentes dela.

“Eu sofria de muita dor de cabeça, vivia à base de analgésicos e quando tinha minhas crises frequentes ficava de dois a três dias fechado no quarto escuro. Com a natação acabou isso, meu analgésico tá na gaveta guardado”, relatou Giovani Mayer.

Mas para além dos benefícios à saúde física, o grupo de natação é um espaço de convívio e desenvolvimento social dos paratletas, como Wellengton Medeiros Francisco, de 25 anos, que tem Transtorno do Espectro Autista (TEA).

“Eu gosto de vir aqui porque me deixa menos estressado. Eu ficava o dia inteiro em casa, de segunda a domingo, trancado em casa, antes de começar a natação. Agora eu venho duas vezes por semana pra aula, na quarta-feira para o treino e também no Viva o Sábado”, disse Wellington.

Inscrições abertas

O treino de quarta-feira é específico para paratletas mais habilidosos na natação, mas os professores do Clube da Gente salientam que quem ainda não sabe nadar pode se inscrever nas aulas, que acontecem nas segundas, terças, quintas e sextas-feiras, e eventualmente começar a treinar com a turma.

As inscrições podem ser feitas pelo portal Curitiba em Movimento.

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