Mutirões de dermatologia: pequenas cirurgias reduzem fila de espera em 80%

A fila de espera para atendimentos na área de dermatologia e pequenas cirurgias de pele caiu 84,1%. Essa redução se deve ao Mutirão Saúde Já, realizado no Hospital Evangélico de Curitiba. Na data de início dos atendimentos (1/3), mais de 4.200 pessoas estavam na fila. Três meses depois, esse número foi reduzido a 678 pacientes em espera.

A fila para vasectomia — procedimento também realizado no Evangélico — teve redução de 81,6%. No início dos atendimentos (1/2) havia 776 pessoas esperando pela cirurgia. Agora, há 143 pessoas na fila.

O metalúrgico Edison Kovalek foi uma das pessoas atendidas pelo mutirão. No início do ano, ele foi até a Unidade de Saúde Esmeralda, já sabendo por amigos que era possível fazer vasectomia pelo SUS. 

Morador do Xaxim, ele tem três filhos. Além disso, a esposa atual tem problemas de saúde que a fariam ter uma gravidez de alto risco. “Foi um processo rápido, fiz a consulta no SUS e em três meses estava no Evangélico fazendo a cirurgia”, conta Edison.

Como funciona

Os pacientes são encaminhados pelas Unidades de Saúde para fazer uma consulta de triagem no Centro Médico Ambulatorial do Evangélico. Essas consultas servem para fazer a avaliação de cada caso e determinar quais demandam cirurgia ou não.

Segundo o coordenador técnico do Evangélico, Maurus Vinícius Stier, para fazer a vasectomia o paciente precisa levar um termo de consentimento e ter mais de 28 anos. “É um procedimento importante para a família que precisa, já que a laqueadura para a mulher é mais complicado de se fazer”, comenta.  “Para o homem, em 30 minutos é feito o procedimento.”

Já pelo mutirão de cirurgias de pele, o perfil mais comum é de pessoas com cistos sebáceos e lipomas, de acordo com a médica encarregada pela área no Evangélico, Flávia Trevisan. “São lesões benignas que só são retiradas quando trazem algum incômodo para o paciente”.

Ainda segundo a médica, quando existe necessidade de cirurgia há dois tipos de encaminhamento. Os procedimentos menores, mais simples, são feitos no próprio ambulatório. Já aqueles que demandam um acompanhamento maior, são realizados no hospital.

Trevisan comenta que a equipe faz um esforço para que a fila não inche novamente. Toda vez que os agendamentos para procedimentos cirúrgicos começam a se acumular, é realizado um dia dedicado inteiramente às cirurgias. “Nós não fazemos cirurgias por motivos estéticos, só quando traz algum comprometimento, risco de inflamação ou incômodo muito grande para o paciente”, esclarece.

Profissionais excelentes

Cristiane Nascimento da Cunha, 44, estava há mais de um ano na fila de espera para cirurgias de pele. “Eu precisava retirar uma verruga que me incomodava muito”, diz. Entre o momento da primeira consulta para avaliação e a cirurgia se passaram 30 dias. “Os profissionais que atenderam foram excelentes”, elogia.

Esse processo, do primeiro agendamento de consulta até a cirurgia, leva de um mês e meio a dois meses. Antes do mutirão o tempo médio de espera era de dez meses para consulta e de 19 meses para procedimentos cirúrgicos.

Hoje são feitas em torno de 15 cirurgias por dia e 200 consultas de triagem por semana, realizadas por uma equipe de 19 médicos e duas enfermeiras. Já as consultas de vasectomia são feitas cinco vezes por semana — 10 por dia. Trabalham na área oito médicos e seis residentes.

O motoboy Cristiano Reichel, 29, tem três filhos, e decidiu que faria a vasectomia. Procurou a Unidade de Saúde Vista Alegre e de lá foi encaminhado para o Evangélico. “Com o país em crise, o custo de vida está cada vez mais alto. É complicado criar mais filhos nessas condições”, pontua.

Reichel ficou por oito meses na fila de espera, até que a Prefeitura criou o mutirão e em poucas semanas ele foi atendido.

Cristiane Nascimento, que fez a cirurgia de pele, diz que sentiu a agilidade do serviço. “Tem que acelerar mesmo porque muitas vezes a gente fica tanto tempo na espera que até esquece”, diz. “Eu acho que o prefeito Greca tá fazendo um bom trabalho, tem que continuar assim”.