A trilha de Felipe Heiderich: Da falsa ordenação pastoral a uma rede de mentiras que vão do abuso sexual ao estelionato

O núcleo de jornalismo investigativo do Agora Paraná fez a trilha de Felipe Heiderich pelas igrejas frequentadas por ele e descobriu que ele jamais foi ordenado pastor. Pelas redes sociais Heiderich diz que é pastor desde 2009. A reportagem esteve no Ministério Pão da Vida de Duque de Caxias no Rio de Janeiro, igreja frequentada por ele  na época.

O pastor titular do Ministério, Walker Melo disse a nossa equipe que Felipe Heiderich simulou um namoro com sua filha para tentar usar o nome do Ministério. “O Felipe chegou na nossa igreja por volta de 2009. Ele simulou um namoro com minha filha por uns seis meses e ficou cerca de um ano e meio na igreja. Posso te garantir que ele não foi ordenado pelo nosso Ministério, não houve imposição de mãos, nada disso”, disse o pastor Walker Melo.

O líder do Ministério Pão da Vida disse ainda que Felipe Heiderich chegou na igreja em 2009 e saiu da igreja após ser confrontado pelo pastor sobre homossexualidade. O pastor Walker Melo foi procurado por membros da Igreja Batista do bairro 25 de agosto também no município de Duque de Caxias que contaram a ele que Heiderich deixou a Batista após ter tido relação sexual com um menino da igreja. Um adolescente do Ministério Pão da Vida chegou a relatar ao pastor conversas sobre Satanismo trazidas por Felipe Heiderich.

O pastor Walker Melo disse que depois de confrontar o falso pastor ele sumiu.  Nos s seguintes, Felipe Heiderich passou a frequentar a Igreja do Nazareno. A reportagem também conversou com o pastor Wesley Assumpção, líder da igreja na época. Ele contou a reportagem que Felipe chegou na igreja dizendo que havia sido ungido pastor no Ministério Pão da Vida. Fontes ligadas ao Agora Paraná contaram que ele inventou uma história de que o pastor do Ministério estava em pecado e ele foi aclamado pastor da igreja, o que foi desmentido pelo pastor que lidera este Ministério há 26 anos. Saindo da igreja Nazareno, onde o pastor Wesley também foi ouvido pela reportagem e disse que não o ungiu pastor, ele conheceu Bianca Toledo também usando de forma indevida o título eclesiástico.

Bianca Toledo já era missionária reconhecia pela Igreja Batista Central da Barra com um forte trabalho como Evangelista em igrejas pelo Brasil. No final de 2015, ela foi convidada para receber ordenação pastoral em Dallas nos Estados Unidos pelo Kingdom Global Ministries, liderado por Larry e Devi Titus, a qual ela faz parte até hoje. Nesta ocasião, foi recebido dentro do Ministério como pastor, tendo em vista que afirmava já ser pastor. Porém, seis meses depois após o caso de abuso sexual envolvendo Felipe Heiderich, os líderes do Ministério enviaram uma carta de anulação do reconhecimento pastoral, pois o abuso sexual fez com que os pastores buscassem a origem da ordenação pastoral de Felipe jamais encontrada.

Dessa forma, de 2009 até 2016 não existem registros de ordenação pastoral de Felipe Heiderich pelas igrejas por onde passou. De lá para cá, ele tem sido um pastor de Internet, sem igreja, sem ter alguém para prestar contas.

A reportagem também apurou a trilha de Felipe Heiderich entre os anos de 2002 e 2009 e também descobriu que ele jamais foi ordenado pastor. Documentos revelam que nesse período, Heiderich frequentou a Igreja Presbiteriana da Vila da Penha. Seus colegas de igreja postaram nas redes sociais informações de que ele mentia ser pastor e frequentava boates gays da região.

Os prints que o Agora Paraná teve acesso foram confirmados pelo primo de Felipe, Jones Heiderich, com que Felipe chegou a morar um período junto com sua tia, mãe de Jones. Reginaldo Torquato Brandão, pastor da Igreja Presbiteriana da Vila da Penha, também falou pelas redes sociais que “as mentiras deste iníquo já estão sendo descobertas por muitos líderes no Brasil. Ele disse que foi pastor em 2002, mas neste período eu estava aqui e nunca foi pastor, saiu daqui direto para o mundão”, disse Brandão.

Felipe Heiderich disse em entrevista à Antônia Fontenele que jamais cobrou para pregar. Diferente do que ele informou, ele cobrava um chachê de R$ 2 mil, mais estadia e alimentação dele e de seu assessor Alexandre Amparo, que muitas vezes dormia no mesmo quarto que Felipe, embora cobrassem por dois. Felipe Heiderich não é e nunca foi pastor, na verdade é um impostor que tem manchado o Reino de Deus com mentiras e dissimulações que são consideradas crime de estelionato.

O Abuso sexual está sendo tratado nesta série de reportagens que busca verdade e justiça sobre o caso. Em todas as igrejas em que Felipe foi confrontado pela homossexualidade ele sempre negava até ser pego em flagrante e mudava de igreja sem deixar rastros. Essas novas revelações do Agora Paraná confirma os laudos que Heiderich teve na clínica psiquiatríca de transtorno bipolar e e Borderline. A reportagem também o desmentiu sobre a questão do suicídio, que ele nega até hoje, mas um áudio obtido pelo Agora Paraná trouxe a verdade à tona.