Comissões dentro dos hospitais são fundamentais para Paraná manter liderança na doação de órgãos
A atuação da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) é fundamental para garantir que o processo de doação ocorra de forma ética, segura e respeitosa. No Paraná, 70 comissões, instaladas em hospitais, estão envolvidas no processo de doação de órgãos e tecidos. São mais de 700 profissionais de diversas áreas, como médico, enfermeiro, psicólogo e assistente social.
Essas comissões são responsáveis por identificar potenciais doadores, entrevistar e acolher as famílias, além de organizar, nos seus respectivos hospitais, o processo de captação de órgãos, em parceria com a Central Estadual de Transplantes e outras instituições envolvidas. Em todo o Paraná, foram 1.303 notificações de morte encefálica em 2024 e 376 em 2025, das quais 500 e 141 foram doadores elegíveis, respectivamente. De janeiro até abril deste ano, as equipes de todo o Estado realizaram 243 entrevistas, com 141 doações efetivas.
O Paraná tem a menor taxa de recusa familiar do País – apenas 28%, comparada à média nacional de 46%. O Estado também lidera o número geral de doações de órgãos, com 42,3 doadores por milhão de população (pmp) em 2024 – mais que o dobro da média nacional, de 19,2 pmp. Esse é o principal indicador, que reflete a disponibilidade de doação. O Estado ainda lidera o indicador de doadores cujos órgãos foram efetivamente transplantados, com 36 pmp, contra 17,5 pmp da média nacional.
NA PRÁTICA
No Hospital Regional do Sudoeste Dr. Walter Alberto Pecóits (HRS), em Francisco Beltrão, por exemplo, a CIHDOTT é composta por uma equipe multiprofissional de nove profissionais. O trabalho em conjunto com a Organização de Procura de Órgãos (OPO) viabiliza a captação de órgãos, sempre respeitando a vontade dos doadores e de suas famílias.
A taxa de autorização familiar — que considera apenas os doadores elegíveis, excluindo pacientes com contraindicação clínica — é o principal indicador da efetividade do processo de doação. No HRS, em 2024, o índice de autorização familiar foi de 71%, praticamente o mesmo da média estadual (70%) e acima da nacional (54%).
“O trabalho das comissões é muito importante e demonstra a seriedade, empatia e preparo dessas equipes ao abordar familiares em momentos tão delicados. O hospital, do Governo do Estado, se consolida como uma referência no processo de doação de órgãos não somente na região, mas em todo o Paraná”, enfatiza o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto.
Em 2023 foram registradas 11 notificações de morte encefálica na unidade, das quais nove pacientes foram considerados doadores elegíveis. A equipe CIHDOTT realizou oito entrevistas familiares, resultando em cinco autorizações para doação, com três recusas e duas contraindicações clínicas (CIC).
No ano passado as notificações avançaram para 18. Foram 14 doadores elegíveis, 14 entrevistas realizadas e 10 autorizações familiares. A taxa de conversão atingiu 71%, demonstrando o amadurecimento da abordagem familiar e o compromisso da equipe multidisciplinar. Desde o início do ano, ocorreram dez notificações, com quatro doações efetivas, três recusas familiares e duas contraindicações clínicas.
De acordo com a coordenadora do Sistema Estadual de Transplantes, Juliana Ribeiro Giugni, as Comissões Hospitalares desempenham um papel essencial no processo de doação de órgãos e tecidos. “Além disso, o trabalho integrado com as Organizações de Procura de Órgãos e com a Central de Transplantes tem se fortalecido trazendo excelentes resultados para nosso Estado e esse destaque nacional que ficamos muito felizes em alcançar”, diz.
CAPTAÇÃO DE CÓRNEAS
A equipe da unidade do Sudoeste também é habilitada e capacitada para realizar a captação de córneas destinadas a transplantes. Após o procedimento, os tecidos são encaminhados ao Banco de Olhos de Cascavel, região Oeste, responsável pelo processamento e posterior distribuição aos receptores conforme a fila única de transplantes. Das 70 comissões, 38 ajudam na captação de córneas.
“A comissão também promove ações de conscientização na comunidade, destacando a importância da doação de órgãos e tecidos para salvar vidas. Em casos de morte encefálica, a equipe realiza o acolhimento dos familiares, fornecendo informações claras e apoio emocional durante todo o processo de decisão sobre a doação”, explica Alessandro Rodrigues Perondi, diretor-geral do HRS. Na região, além do HRS, o Hospital São Francisco de Francisco Beltrão também mantém uma CIHDOTT ativa.