Assembleia debate prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama em audiência do Outubro Rosa
A importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama, bem como o desafio de iniciar o tratamento em um curto período de tempo, foram os principais temas debatidos na audiência pública “Outubro Rosa: Haverá Sinais”, realizada no Plenarinho da Assembleia Legislativa. Proposta pela deputada Cantora Mara Lima (Republicanos), presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, a audiência contou com a participação de médicos especializados no tratamento oncológico e representantes de instituições que apoiam as pacientes ao longo do tratamento.
“Estou emocionada de ver que, a cada dia, temos mais ações. Realizamos mais uma audiência pública para poder trazer esse alerta à mulher: faça seus exames, procure um médico, valorize a sua vida, porque sua família agradece. É um alerta para chamar a atenção, trazendo especialistas com vasto conhecimento na saúde da mulher. Falamos aqui sobre a importância da prevenção antes de qualquer coisa, mas também de como lidar após receber o diagnóstico do câncer”, explicou a deputada.
Ela também destacou a importância dos profissionais que lidam diariamente com o atendimento e o acolhimento das pacientes oncológicas. “São eles que trazem suporte a essas mulheres muitas vezes fragilizadas pela doença e pelo próprio tratamento. Ações como essa, que acontecem há 15 anos, trazendo esse alerta às mulheres paranaenses, estão entre os principais objetivos da Comissão da Mulher e da Assembleia Legislativa”, complementou.
Diagnóstico precoce
Uma das palestrantes convidadas foi a Dra. Priscila Morosini, cirurgiã oncológica do Centro de Oncologia do Paraná e presidente da ONG Por Minhas Mamas, que tem como objetivo estimular mudanças de hábitos nas mulheres, quebrar tabus relacionados ao câncer de mama e oferecer assistência à população carente por meio de atendimento e informação.
“Em primeiro lugar, é importante ressaltar que qualquer mulher está predisposta a ter câncer de mama, desde a juventude até a idade avançada. Eu sempre digo que basta ser mulher para ter esse risco. Quando falamos sobre sinais, é uma forma de trazer à tona essa discussão sobre a presença deles nos exames de rotina e de rastreio, porque esse seria o cenário ideal. Mas sabemos também que cada vez mais há diagnósticos em mulheres jovens, fora da idade recomendada para rastreamento. Atualmente, no Brasil, cerca de 25% a 30% dos diagnósticos de câncer de mama são de mulheres com menos de 40 anos, faixa etária para a qual não há indicação de mamografia. Por isso, podemos ampliar essa ideia, destacando a importância de a mulher conhecer o seu corpo e estar atenta a eventuais mudanças, sinais que podem ser uma forma de o corpo estar ‘gritando’ por atenção. Assim, é possível ter um diagnóstico mais precoce”, explicou.
A médica afirmou que a manutenção de bons hábitos, como alimentação saudável e prática regular de exercícios, reduz em até 40% os riscos da doença. Ela também defendeu a realização de campanhas educativas para que os exames preventivos cheguem a maior parte da população.
“Para termos um combate mais eficaz ao câncer de mama, a meta é que a mamografia atenda pelo menos 70% das mulheres. Aqui na Região Sul esse índice é de aproximadamente 30%. Assim, apesar dos números já considerados bons no Paraná, ainda temos muito trabalho para atingir essa meta. Temos a obrigação de promover saúde e nunca foi tão importante distinguir o que é ciência e o que é ruído. A tecnologia, quando bem usada, é uma grande aliada. Nossa missão é que toda mulher tenha acesso aos exames e receba informação clara e correta”, concluiu.
Chances
A Dra. Larissa Maria Macedo Lopes, oncologista clínica, membro do Corpo Clínico do Hospital Erasto Gaertner e diretora-geral da Liga Paranaense de Combate ao Câncer, também destacou a importância do diagnóstico precoce.
“Somos um hospital líder em ensino e pesquisa e não podemos ficar de fora de um debate como esse, sobre a importância de garantir acesso ao diagnóstico e ao tratamento mais rápido dessas pacientes. Temos esse compromisso com o Estado e com a sociedade. O câncer tem cura, principalmente se diagnosticado nos estágios iniciais. Esse é o nosso trabalho: diagnosticar precocemente, adotar medidas de prevenção e de combate a essa doença, que pode sim ser curada”, afirmou.
Ela ressaltou que o câncer de mama é o segundo em incidência entre as mulheres (atrás apenas do melanoma), com cerca de 3,6 mil casos anuais no Paraná, e destacou o desafio de garantir o cumprimento da lei que assegura o início do tratamento em até 60 dias após o diagnóstico.
Testemunhos
Um dos momentos mais marcantes da audiência foi o depoimento de Sandra Prado, coordenadora-geral da Casa da Mulher Brasileira, que compartilhou sua experiência pessoal no enfrentamento ao câncer de mama. Ela relatou sua trajetória desde o diagnóstico até o fim do tratamento, incluindo algumas intercorrências, e destacou a importância de ouvir os sinais do corpo.
“É muito importante este debate, trazer para a Assembleia essa audiência. Eu sou paciente oncológica, fui acometida por um câncer de mama em 2021 e estou atualmente em remissão. A prevenção é tudo, não podemos nos descuidar. Há vida depois do câncer, mas quando não fazemos prevenção, precisamos enfrentar a doença. Não vamos esperar o enfrentamento, vamos nos prevenir e realizar exames periódicos. Aconselho que ninguém faça como eu fiz, que cheguei já em estágio mais avançado e fui submetida a um tratamento muito mais invasivo. Isso aconteceu porque, durante a pandemia da covid, eu tive medo de fazer exames e só descobri o câncer mais de um ano depois dos primeiros sinais. Mas estou aqui, estou bem, trabalhando e podendo deixar esse recado importante para as mulheres”, contou.
A audiência pública também contou com a participação do deputado Alexandre Amaro (Republicanos); da Dra. Maria Cristina Figueroa Magalhães, oncologista especializada no cuidado da mulher e representante do Instituto de Inovação e Ensino em Saúde (Intes); do Dr. Jacyr Leal, ginecologista obstetra e escritor, membro do Conselho Regional de Medicina do Paraná; da desembargadora Ana Lúcia Lourenço, corregedora do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR); e da diretora de Políticas Públicas para Mulheres da Secretaria da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa (Semipi), Mariana de Sousa Machado Neris.
15 anos
No Paraná, a campanha Outubro Rosa foi instituída pela Lei 16.935/2011, de autoria da deputada estadual Mara Lima.
“Criamos a lei do Outubro Rosa no Paraná para que a prevenção e o cuidado com a saúde da mulher se tornassem uma política permanente. O diagnóstico precoce salva vidas, e cada mulher precisa ter acesso à informação, aos exames e a um tratamento digno”, destacou a deputada.
Neste ano, a campanha Outubro Rosa está sendo ampliada com o Paraná Rosa. A Carreta Saúde da Mulher, com consultórios itinerantes, já está em circulação. Até o fim do ano, ela atenderá a demanda de 48 cidades, garantindo exames gratuitos e diagnóstico precoce para milhares de mulheres.
Ao final da audiência, a deputada Mara Lima apresentou a proposta da criação do Selo Empresa Amiga da Mulher e do Outubro Rosa, que será concedido às empresas que apoiam a prevenção ao câncer de mama.