Morre ex-bailarino do Balé Teatro Guaíra, Jair Moraes
Faleceu na manhã deste domingo (25), em Curitiba, aos 70 anos, o ex-bailarino, coreógrafo e ex-diretor artístico do Balé Teatro Guaíra, Jair Moraes. O velório acontece a partir das 19h, no Cemitério Vertical de Curitiba, no bairro Tarumã. A cerimônia de cremação será nesta segunda-feira (26), às 15 horas, no mesmo local. Jair Moraes estava hospitalizado há cinco meses em função de uma infecção pulmonar grave.
Em outubro deste ano, 13 companhias e grupos de dança locais – com produção da Associação de Bailarinos e Apoiadores do Balé Teatro Guaíra e apoio do Centro Cultural Teatro Guairá – apresentaram “Todos com Jair Moraes”, em reconhecimento ao trabalho e para prestar assistência à recuperação dele. O espetáculo foi apresentado no auditório Bento Munhoz da Rocha Neto (Guairão). Moraes se dedicou à dança por 50 anos.
“Ele trouxe brilho e vigor ao Balé Teatro Guaíra. O espírito inquieto mostrou novas vertentes para a dança e revelou muitos talentos que ganharam brilho próprio graças aos ensinamentos dele. Só nos resta aplaudir e reverenciar este mestre da dança”, disse a diretora-presidente do Centro Cultural Teatro Guaíra, Monica Rischbieter. “Os funcionários do CCTG estão consternados com esta perda, assim como as pessoas ligadas ao mundo das artes”, afirmou.
PERFIL – Nascido em 30 de outubro de 1946, Jair Moraes foi uma figura emblemática para a dança. Oriundo de família militar, ele enfrentou diversos obstáculos durante a carreira, um deles foi o preconceito.
Criado somente pela mãe, aos 14 anos saiu de casa em busca do sonho de se tornar um grande bailarino. Chegou a morar na rua e a passar fome. Mas a força de vontade foi mais forte e o fez conquistar uma vaga de estagiário no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, sob a direção de Hector Zaraspe.
Dançou no Corpo de Baile do Teatro Guaíra (BTG), de 1970 a 1972, e foi solista do Corpo de Baile do Theatro Municipal de São Paulo, entre 1972 e 1973. Neste mesmo ano partiu para a Europa, ficando por oito anos no Balé Gulbenkian, em Lisboa, a convite de Carlos Trincheiras.
Em 1979, já como primeiro bailarino, tornou-se maître-de-ballet e assistente de ensaiador do BTG. De 1994 a1996 assumiu a direção do Balé Teatro Guairá, quando coreografou Canções (1994).
Sob a direção de Moraes foram produzidas as obras Olhos para o mar (1996), de Henning Paar; Rhapsody in blue (1994), de Ana Mondini; O Mandarim Maravilhoso (1996), de Júlio Mota; Coppellius, o mago (1997), de Márcia Haydée, e Viva Rossini (1996), de Tíndaro Silvano.
Dirigiu o grupo Raízes, em Caxias do Sul, de 1983 a 1990. Foi professor por dois anos da Escola do Teatro Bolshoi, em Joinville. Dançou com estrelas como Ana Botafogo, Nora Esteves, Eliana Caminada e Carla Couto, e atuou em diferentes partes do Brasil, como diretor, mestre, coreógrafo e consultor artístico.
Conquistou premiações como Revelação do Festival de Nervi (Itália), prêmio de Melhor Bailarino no Festival de Inverno de Cascais (Portugal), Coreógrafo Revelação pelo Festival Internacional de Trujillo (Peru), nomeado Melhor Coreógrafo no Concurso de Coreografia Havana (Cuba).
Em 2009 foi homenageado no 27º Festival de Dança de Joinville pela trajetória vitoriosa como bailarino, coreógrafo, maître-de-ballet. Em 2014, a São Paulo Companhia de Dança, em parceria com o Governo do Estado de São Paulo, fez um documentário sobre a vida de Moraes. O material integra a coleção Figuras da Dança, exibida na TV pelo canal Curta!
Em 2015, o Figuras na Dança teve espaço exclusivo no 33º Festival de Joinville e, novamente, Jair Moraes foi homenageado.
Em 2003 ele criou a Cia de Dança Masculina Jair Moraes, o primeiro grupo independente de dança no Brasil formado exclusivamente por homens. Em função desta iniciativa, em 2009, recebeu o Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna, da Fundação Nacional das Artes.