Feiras gastronômicas reúnem o melhor das comidas de rua
“O que vamos comer hoje?” A frase dita pela bancária Nadya Moura, 49 anos, ao marido, o consultor comercial Marcelo Túlio, 51 anos, retrata o dilema de quem chega à feira gastronômica do Tarumã/Cristo Rei todas às quintas-feiras. Há muitas comidinhas gostosas. Na dúvida, o casal resolve petiscar um bolinho de bacalhau no Delícias de Portugal, uma das porções do pierogi do Miro, um kassler do Currytiba Wurst e, para fechar, um espeto de de morango coberto com chocolate da Doce de Casa. “O clima é tão descontraído e familiar. A gente pode comer pratos bem diferentes a um preço acessível e, o melhor, fugir dos restaurantes”, afirma Marcelo.
Atendimento caloroso, porções fartas, espaço ao ar livre com mesas e cadeiras e, principalmente, a possibilidade de experimentar delícias de várias partes do mundo são os grandes apelos das feiras gastronômicas da Prefeitura. São três pontos semanais, administrados pela Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento, que tomam conta de ruas do Cristo Rei, do Capão Raso e do Batel, de quinta-feira a sábado.
Além das comidinhas saboreadas pelo casal Nadya e Marcelo, as feiras oferecem empanadas chilenas e argentinas, tapiocas recheadas, pastéis, crepes, salgados, sanduíche de pernil, pratos peruanos e sushis, sem falar de sobremesas como bombons, waffles recheados e os tradicionais pastéis de Belém. Os comerciantes aceitam cartões de crédito e débito e há segurança privada.
A qualidade dos pratos comercializados é garantida por um monitoramento permanente da equipe de Controle de Qualidade da Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento. “É feito um rigoroso acompanhamento em relação a manuseio e temperatura dos alimentos, limpeza dos locais, higiene pessoal e descarte adequado de resíduos”, explica o secretário municipal de Agricultura e Abastecimento, Luiz Gusi.
Viagem gastronômica
Ao chegar à Feira Gastronômica do Tarumã/Cristo Rei, percebe-se rapidamente a fila em frente ao Pierogi do Miro. O pastel cozido originário da Polônia é oferecido com quatro opções de recheio (ricota, batata, frango e repolho) e três de molho (calabresa, champignon e branco).
Mas qual o segredo de tanto sucesso? “Seguir a tradicional receita polonesa, amassar corretamente e cuidar com a espessura. Assim, a massa fica leve. Sem falar, é claro, que o pierogi é cozido na hora”, revela Miroslaw Borek, o seu Miro, que oferece o pastel em porções (três a R$ 5,50; cinco a R$ 9; dez a R$ 18; e 15 a R$ 27).
A fila em frente ao trailer do El Ink, especializado em culinária peruana, também dá pistas do sucesso de pratos como o lomo saltado (R$ 20 a porção), feito com tiras de carne bovina ou de frango salteadas com cebola roxa, tomate, coentro e batata frita. “É o nosso carro-chefe, o sabor todo especial da carne se deve a mistura de pimenta amarela peruana e molho de soja”, salienta o proprietário, George Correa, que também vende tacu tacu (R$ 20), mistura de arroz e feijão fritos com lomo saltado; e pan com chicharron (R$ 15), um pernil crocante fatiado com salsa crioula e batata doce peruana.
Jeniffer do Prado Cordeiro, dona do Delícias de Portugal, não vence fritar os disputadíssimos bolinhos de bacalhau (R$ 6, a unidade) e dá pistas da razão do sucesso. “Tem alguns segredos de família, mas posso dizer que só uso o cod gadus morhua, que é considerado o mais nobre, o tradicional bacalhau do Porto. A cura e a forma de salgar dos portugueses são diferentes”, explica ela, que também comercializada os tradicionais pastel de belém (R$ 5, a unidade) e travesseiro de cintra (R$ 6).
Por falar em doces, a ala das sobremesas é variada na feira do Tarumã/Cristo Rei. No Doce de Casa, os bombons (R$ 3,75, a unidade) são feitos apenas com leite condensado puro e recheados com nozes, coco, uva ou morango. Também tem morango no espeto coberto com chocolate ao leite (R$ 5,50) e waffles de morango, doce de leite, banana ou nutella, acompanhados ou não de sorvete (de R$ 1,50 e R$ 6 de acordo com o acompanhamento e a quantidade de bolas de sorvete) “Os waffles são crocantes por fora e macios por dentro,”, conta o dono da Doce de Casa, Leandro Rodrigo Palkowski.
Entre amigas
Ao menos uma vez por mês, a professora Daniele Purcino, 40 anos, a pedagoga Elaine Nascimento, 40 anos, e a cabeleireira Margarete Zanin, 52 anos, vão à feira do Cristo Rei. “Eu trouxe minhas duas amigas a primeira vez e elas adoraram”, conta Daniele. Ela sempre saboreia currywurst (R$ 16), do Currytiba Wurst, porção de salsichas alemãs vermelhas e brancas acompanhadas de batata frita e molho curry, ou um kassler (R$ 17), carne suína defumada acompanhada de purê de batata, purê de maçã e chucrute.
Elaine e Margarete, no entanto, divergem sobre a empanada mais saborosa: a argentina ou a chilena? Elaine prefere a argentina do Dona Jura (R$ 8, a unidade), com carne, azeitona e ovos, que é frita na hora. “Acho mais crocante”, afirma a pedagoga. Para Margarete, a melhor é a chilena de carne (R$ 8, a unidade), do Olivar. “É assada, com carne picada, cebola, azeitona e passas. Eu acho deliciosa”, diz cabeleireira.
Romance
A estudante universitária Bruna Oliveira, 25 anos, conta que sempre frequenta com o marido, Bruno, 28 anos, a Feira Gastronômica do Tarumã/Cristo Rei. “Venho sempre que possível e não abro mão de uma sobremesa, mesmo quando janto em casa antes”, salienta ela, que não resistiu a um waffle com morango generosamente coberto com nutella, bola de sorvete e confete.
Em clima de despedida, ela mora em Curitiba e ele vive em Belo Horizonte (MG), os namorados Janaina Glauser, 28 anos, e Luiz Felipe Torrente, 26 anos, fizeram uma troca romântica na escolha de sabores de empanadas argentinas. “Eu prefiro a de carne, mas resolvi experimentar a de frango porque ela gosta”, contou Luiz Felipe. “Já eu não poderia deixar de comer a de carne, a preferida dele. Assim, vou sempre vir aqui e me lembrar dele, enquanto ele está em Belo Horizonte”, retribuiu carinhosamente Janaina.
Feiras gastronômicas
Tarumã/Cristo Rei
Avenida Humberto de Alencar Castelo Branco, esquina com Rua Gottlieb Rosenau, Cristo Rei
Quinta-feira, das 17h às 22h
Capão Raso
Largo Padre Albino Vicco, entre Avenida Winston Churchill e Rua Pedro Gusso
Sexta-feira, das 17h às 22h
Batel
Rua Carneiro Lobo, entre Avenida Visconde de Guarapuava e Rua Gonçalves Dias
Sábado, das 12h às 21h