Guardas se especializam no atendimento à mulher vítima de crime

Um grupo de 44 guardas municipais de Curitiba, Araucária, São José dos Pinhais, São José do Rio Preto e Balneário Camboriú passa por uma capacitação direcionada a atendimentos de situações que envolvem violência contra a mulher.

Até sexta-feira (4/10), eles participam de palestras e troca de experiências com representantes dos órgãos que compõem a rede de proteção à mulher na cidade. Coordenado pela Patrulha Maria da Penha da Guarda Municipal, o curso é voltado à preparação de profissionais para que o socorro à vítima ocorra da forma mais profissional e qualificada possível. 

“Queremos disseminar a cultura e a postura da Guarda de Curitiba no atendimento a esse tipo de trabalho tão importante”, destaca o diretor da Guarda Municipal, Carlos Celso dos Santos Junior. 

Considerada referência nacional na área, a Patrulha Maria da Penha de Curitiba foi pioneira na atividade. Criada em 2014, já capacitou profissionais de mais de 20 cidades brasileiras.

“Abordamos o enfrentamento às diferentes formas de violência contra a mulher, que pode ser física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral”, aponta a inspetora da GM Cleusa Pereira, consultora da Patrulha Maria da Penha. 

O problema, nacional, faz parte da rotina dos guardas municipais. A inspetora Cleusa lembra que, segundo o Mapa da Violência, a cada 24 segundos uma mulher é espancada no Brasil.

“É necessário desconstruir a banalização da violência na sociedade, com esforços e articulação dos diversos órgãos públicos em conjunto com a população”, diz ela.

O grupo que integra a Patrulha Maria da Penha acompanha os casos de mulheres com medidas protetivas concedidas pelo Poder Judiciário. Todo o efetivo da GM pode atender uma situação de emergência, quando a vítima pede ajuda pelo telefone 153, do Centro de Operações da Defesa Social (Cods).

Conteúdo

Aspectos legais, operacionais e administrativos são abordados no curso, que tem a participação de servidores do Tribunal de Justiça, Delegacia da Mulher, Assessoria de Políticas Públicas para Mulheres, Casa da Mulher Brasileira, Ministério Público, Ordem dos Advogados do Brasil e Defensoria Pública. 

“Demonstrar um acolhimento humanizado, não julgar e estabelecer um elo de confiança são imprescindíveis para o bom trabalho”, destaca a inspetora Cleusa.

O diretor da GM de São José do Rio Preto, Silvio Pedro, passa pelo curso. “Nossa intenção é implantar a Patrulha Maria da Penha até o fim do ano e os guardas que hoje estão aqui serão multiplicadores desse conhecimento, para que todos saibam como agir”, afirma. 

Para a guarda municipal Edna Schamne Barbosa, de Araucária, a questão cultural é o que mais preocupa e os profissionais de segurança tem um papel importante nesse aspecto. “O curso não é apenas sobre leis, mas como olhar para a vítima do crime, ajudá-la na compreensão dos riscos que ela corre e entender como funciona a estrutura de atendimento”, opina.