Instituto de Previdência se transforma ao longo do tempo

Criado em maio de 1959, o Instituto de Previdência dos Servidores do Município de Curitiba substituiu o Montepio dos Servidores Públicos do Município de Curitiba, modelo assistencialista em funcionamento no Brasil naquela época.

O então prefeito de Curitiba, Iberê Mattos, transformou, por lei, o Montepio no IPMC, e manteve a característica assistencialista: era o Instituto de Previdência e Assistência aos Servidores Municipais de Curitiba.

"O IPMC pagava as pensões aos dependentes dos servidores e fazia assistência, bem diferente do que existe hoje", detalha o atual presidente, Ary Gil Piovesan. Há 60 anos e por muito tempo quem pagava as aposentadorias era a própria Prefeitura. "Ao longo dos anos, o IPMC foi se atualizando à legislação federal e municipal, adequando-se para atender os servidores municipais", completa Piovesan.

Na década de 1960, o instituto oferecia serviços de empréstimos que variavam desde a carteira de empréstimos simples, escolar, funeral, pré-nupcial e serviços médicos complementares, entre eles procedimentos odontológicos, oferta incomum para a época.

Em 1999, o IPMC passou a tratar exclusivamente das questões previdenciárias. Em sua nova fase, sem “assistência” no nome, passou a ser o Instituto de Previdência dos Servidores do Município de Curitiba, como todos conhecem hoje. O atendimento médico ficou por conta do ICS, o Instituto Curitiba de Saúde, que é o plano de saúde dos servidores da Prefeitura.

A casa do servidor

Até a sua reformulação em 1999, por 40 anos, o IPMC foi a casa do servidor público curitibano. "Ia muito além de um órgão de previdência. Cuidava da saúde, pagava as pensões, era cuidador da família do servidor. Era muito acolhedor até mesmo porque o número de servidores era bem menor do que hoje", declara a advogada de carreira do instituto, Jocelaine Moraes de Souza, que acompanhou de perto a transição num momento de muitas mudanças legislativas. Ela também realizou um trabalho de pesquisa sobre o instituto em 2006.

"O IPMC sempre teve isso de ser próximo ao servidor. As outras secretarias cuidavam da população, o IPMC cuidava de nós, servidores, era o órgão que fazia esse acolhimento", diz Jocelaine.

Segundo ela, o IPMC foi precursor de benefícios que hoje são disponibilizados ao servidor público municipal: o serviço de saúde e odontológico, oferecido pelo ICS, as compras com desconto em folha, feitas com o Cartão Qualidade, e os empréstimos, para os quais os servidores contam com o CuritibaConsig. "Na época era o IPMC sozinho que fazia tudo isso", observa Jocelaine.

De 1966 até 1999 o IPMC funcionou na Avenida Marechal Floriano Peixoto, no mesmo endereço onde hoje está o ICS. Desde 2005 o IPMC funciona no Edifício Delta, na Avenida João Gualberto.

IPMC tinha mercado, farmácia e até boutique

Servidora do IPMC desde junho de 1972, a farmacêutica bioquímica Ana Carime Saad que trabalha no ICS confirma o ambiente acolhedor que caracterizava o instituto há quase 47 anos, quando ingressou no órgão.

"Havia farmácia, mercado e até boutique. As grávidas tinham enxoval", detalha. Segundo Ana Carime, o IPMC reunia médicos conhecidos de Curitiba. "Muitos eram professores da universidade", lembra ela.

"Além disso, o ambiente era muito bom. Nós, funcionários, éramos unidos, a gente gostava de trabalhar aqui", conta a farmacêutica, que hoje é responsável técnica do ICS perante o Conselho Regional de Farmácia, faz auditoria das compras de medicamentos pelo plano de saúde dos servidores.

A servidora reconhece que, na época, o IPMC tinha condições de proporcionar mais serviços para os servidores. "Hoje, o ICS tem outra situação. É auto-gestão e somos regidos pela Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária", diz ela. Atualmente o ICS tem 80 mil beneficiários, entre servidores e seus dependentes.

O contador Jesiel Lopes Rodrigues ingressou no IPMC em 1995, quando o instituto ainda pagava as pensões e fazia assistência, ou seja, cuidava da saúde dos servidores e dos familiares. "Cada secretaria pagava os seus aposentados. Quando houve a separação, com a criação do ICS, muita gente achou que o IPMC tinha deixado de existir", recorda Jesiel.

“Começamos o novo IPMC com sete pessoas, um presidente, dois diretores, eu (Jesiel), a Cleusa, seu Jaime e o Gerenaldo", relembra. Atualmente o instituto tem aproximadamente 70 servidores e estagiários responsáveis por ações pré e pós-aposentadoria.

Jesiel ingressou na Prefeitura vindo de uma multinacional. "A realidade era bem diferente. O parque tecnológico (equipamentos e programas) precisava melhorar muito. Achei que ficaria aqui por uns três anos porque não queria me acomodar", conta.

Quase 24 anos depois, Jesiel diz que acha bom trabalhar no IPMC. "A minha área, que é a de contabilidade, conta a história do instituto em números", define.