Mutirão social oferece oportunidades à população em situação de rua

O dia 24 de abril vai marcar a vida do desempregado João Martins, 49 anos, que há seis meses vive nas ruas de Curitiba. Nesta quarta-feira, ele esteve no mutirão social Curitiba que Não Dorme, promovido pela Prefeitura na Praça Tiradentes, pediu ajuda e foi encaminhado a uma comunidade terapêutica para tratamento de dependência química.

“Chegou meu dia de mudança, está difícil assim. Sou uma pessoa de qualidade, nunca peguei em uma arma, não sou bandido. O que quero é crescer”, disse o homem, que lamenta ter pedido a família em função do alcoolismo. Depois do tratamento, ele sonha com um novo emprego.

Martins foi uma das centenas de pessoas atendidas durante a ação social, que aconteceu das 9h às 14h, e terminou com 86 atendimentos sociais, 32 orientações para trabalho – sendo dois encaminhamentos para entrevistas de emprego -, 300 sobre os direitos da mulher e 57 sobre uso de drogas.

O mutirão contou com dezenas de voluntários que também participaram oferecendo alimentação – 300 cafés da manhã e 400 almoços -, 120 cortes de cabelo, 30 consultas médicas e encaminhamentos para exames, 300 exames de glicemia e aferição de pressão arterial, além de dez encaminhamentos para tratamento de dependência química.

Duas pessoas receberam passagem e embarcaram, em seguida, para as cidades de origem – em Rio Negro, Sudeste do Paraná, e Balneário Camboriú, em Santa Catarina -, onde seriam recebidos pelas famílias, já contatadas pela FAS antes da partida.

Novo modelo

Acompanhado do presidente da Fundação de Ação Social (FAS), Thiago Ferro, coordenador do mutirão social, o prefeito em exercício, Eduardo Pimentel, visitou o local e conversou com as pessoas que estavam em atendimento, com os voluntários e os servidores. “É bom ver esse trabalho de integração, que envolve várias secretarias municiais, e oferece atendimento para as pessoas que vivem em vulnerabilidade”, disse. O vereador Chicarelli também conheceu a ação.

Os mutirões sociais começaram a ser ofertados pela Prefeitura em 2018, mas apenas com serviços da assistência social, proteção animal e saúde. Este ano, a ação ganhou corpo e a participação de dezenas de voluntários, principalmente ligados à igreja evangélica. “É um voluntariado especial, treinado pela FAS, para que possa atender com mais qualidade e efetividade, trazendo mais oportunidades para a população de rua.”

Trabalho

Vilson Ferreira da Silva, 50 anos, também saiu do mutirão feliz, depois de ser encaminhado para uma entrevista de emprego como jardineiro em uma empresa no bairro Hauer. “Estou muito contente, espero que eles me contratem”, disse o homem que chegou a Curitiba há dez anos, vindo do Norte do Estado, e que há três vive nas ruas.

Segundo ele, tudo começou com o desemprego e a falta de dinheiro para pagar por um lugar para morar. Silva já fez curso de Porteiro, ofertado pela FAS Trabalho.

O venezuelano Antony Trujillo, 42 anos, que chegou a Curitiba há um mês, e Leandro Oliveira de Souza, 32 anos, ambos em situação de rua e acompanhados pela FAS, foram até o mutirão em busca de cursos profissionalizantes e vagas de trabalho.    

Parceiros

Além da FAS, o mutirão teve a parceria das secretarias da Defesa Social e do Esporte, Lazer e Juventude (Smelj), da Fundação Cultural de Curitiba (FCC), da MedPrev – que contou com o trabalho voluntário do médico Enzo Monteiro do Nascimento; da Cruz Vermelha, de representantes das igrejas Quadrangular e ABBA, e da comunidade terapêutica Mannain.