Paraná se prepara para ampliar o fornecimento mundial de alimentos
A nova ordem econômica e geopolítica mundial, que vem sendo desenhada no pós-pandemia, abre espaço para o Brasil ocupar uma nova posição no mercado internacional e uma grande oportunidade para o Paraná ampliar o fornecimento de alimentos do mundo. No encontro virtual Comex 20+ – Tendências, Insights e Ações, realizado nesta quinta-feira (02), o chefe da Casa Civil do governo paranaense, Guto Silva, explicou como o Estado se prepara para isso.
Segundo ele, a estratégia para ocupar mercados internacionais foi definida no início da gestão do governo Carlos Massa Ratinho Junior, com o projeto de remodelação e modernização da infraestrutura. O plano é oferecer condições de escoamento que acompanhem a expansão do agronegócio paranaense, que dobra de tamanho a cada 10 anos.
“Duplicamos a capacidade da Ferroeste, as rodovias do Estado vão entrar no pacote de concessões federal, o que deve baixar o valor do pedágio em pelo menos 50%, além de incluir obras para ampliar muito nosso anel viário, que desde os anos 90 teve poucas intervenções. Também temos dois novos portos desenhados. Tudo isso vai dar ao Paraná extrema competitividade para o futuro”, afirmou o chefe da Casa Civil.
O momento atual, destacou, é de conquistar terreno no agronegócio. “O Paraná vem se especializando no agro, que corresponde a quase 80% da nossa pauta exportadora. Das dez maiores cooperativas da América do Sul, sete ficam no Paraná. São vantagens que já temos e podemos potencializar, agregar valor, com biotecnologia e mais ciência para nos tornarmos imbatíveis no abastecimento do mundo”, afirmou.
Guto Silva destacou que ao demonstrar real disposição para resolver gargalos e de apoiar a produção paranaense, o Governo atraiu o interesse de empresas. Dos R$ 60 bilhões de investimentos privados definidos como meta da gestão para quatro anos, mais de R$ 40 bilhões já estavam garantidos antes do início da pandemia.
“Isso demonstra que a estratégia funcionou, embora a pandemia vá desacelerar um pouco os investimentos. Mas esse é o desenho que estamos construindo no nosso território. Temos que ganhar competitividade, temos que acotovelar São Paulo e Santa Catarina para ganhar espaço, porque temos ativos muito importantes e estamos focados nessa realidade”, disse.
CAPITAL BARATO, MUNDO ABERTO
A live sobre o novo momento do comércio mundial apontou a tendência de globalização, que defende a aproximação entre países que se relacionam com mais facilidade, ou que estejam mais próximos fisicamente.
Segundo analistas, as grandes economias globais vão procurar reduzir a dependência da China e buscar novos parceiros comerciais, mais próximos e mais alinhados. O movimento pode beneficiar o Brasil.
“Tenho a convicção que a médio e longo prazo o Brasil vai ter que se reposicionar nesse jogo geopolítico, encostando nos Estados Unidos e outros países estratégicos para poder não só exportar, mas atrair investimentos que ampliem a indústria do País. Desta forma, podemos nos tornar o novo parque fabril das Américas”, disse Silva, para quem essa movimentação deve alavancar a recuperação da economia.
O cenário, acrescentou, é de boas oportunidades de exportação para a indústria nacional no aspecto cambial e de grandes desafios para agregar valor a essa mesma indústria, com investimentos em maquinário e tecnologia.
“Os produtos agrícolas geram emprego e renda, mas na receita do Estado representam muito pouco. Então, a industrialização da produção agrícola nos interessa muito, precisamos ativar, fomentar agregação de valor para que a cadeia gire, gere mais empregos, produtividade e riqueza para o Estado”, disse Silva.
Para o chefe da Casa Civil do Paraná, mesmo com o cenário de retração causado pela pandemia do coronavírus, este é o momento para investir. “Apesar de todo o quadro negativo, temos que dar um choque de percepção de negócio. O País tem muita burocracia, custo alto e eficiência baixa. No Paraná, nós estamos abrindo uma empresa em 2 horas, antes era preciso 60 dias para ter um CNPJ, é um combate diário contra a burocracia. É preciso mudar a mentalidade e aumentar a eficiência”, afirmou.