Portos do Paraná promove palestra sobre saúde da mulher

Para encerrar as atividades alusivas ao Outubro Rosa, as funcionárias da Portos do Paraná participaram nesta quinta-feira (29) de uma palestra sobre o câncer de mama. O encontro online reuniu colaboradoras e estagiárias da empresa pública para conversar sobre o tema com a diretora-geral do Instituto Peito Aberto, Fabiana Parro.

O convite foi estendido às funcionárias da Secretaria de Estado da Infraestrutura e Logística (Seil), Departamento de Estradas e Rodagem (DER) e Ferroeste. Esse momento “só para elas” foi de orientação, informação e atenção à saúde da mulher.

“Conhecer o caso da Fabiana é um alerta para a gente se cuidar. Na correria do dia a dia a gente acabe deixando para lá. Então, encontros como esse servem para lembrar da importância de manter nossa saúde em dia”, diz a agente portuária Jamile dos Santos Faustino, que procura se cuidar como pode, sempre fazendo os exames de rotina, ficando atenta à alimentação e fazendo atividade física.

Para a analista portuária Juliana Vendramini, esse bate-papo com uma mulher que já passou pelo trauma de ter desenvolvido o câncer de mama, por todo o processo do tratamento e recuperação, reforça a importância de se manter um estilo de vida saudável para evitar o câncer de mama e outras doenças.

“Muitas doenças são decorrentes do sedentarismo e da má alimentação. Momentos como esse que tivemos esta tarde mostra o quanto estamos suscetíveis, principalmente com o estilo de vida urbano que levamos e, na grande maioria dos casos, só depende da gente a prevenção”, diz Juliana.

PALESTRA

“O mês de outubro é importante para lembrarmos dos exames que a mulher deve fazer anualmente, a atenção que ela tem que ter para a questão do câncer, mas, principalmente, para que a gente possa alertá-las da importância de outros cuidados na vida dela com relação à alimentação, saúde, exercício físico”, comenta Fabiana, que é fonoaudióloga e venceu a doença.

Segundo ela, o importante, em momentos como esses, é entender que a real prevenção não está apenas em fazer a mamografia. “Vai muito além do exame. A gente quer que a mulher entenda e tenha o domínio do seu corpo, da sua saúde para que faça exame e dê negativo”.

EXPERIÊNCIA

Fabiana, voluntariamente, se dedica à orientação e apoio às mulheres de todo o Brasil. “Fui diagnosticada aos 36 anos de idade. Eu sempre me cuidei. Já fazia mamografia, porque tinha histórico na família. Somos cinco mulheres com a doença. Porém, apesar de saber todas as informações e fazer o exame anualmente, desde os 32 anos, eu tinha, dentro de mim, que comigo não iria acontecer”, conta.

Mesmo com a esperança da probabilidade da genética familiar do pai não se manifestar, não foi o que aconteceu. “Foi um grande choque, pois a gente não se imagina, jovem, com câncer. Mas, ao mesmo tempo, eu acho que todas as mudanças que fiz na minha vida me ajudaram a vencer a doença”, diz ela, que também destaca a importância do diagnóstico precoce na batalha.

“Tinha um bebê de um ano e uma menina de três. Havia acabado de amamentar. Quando você recebe o diagnóstico, não tem como você não pensar na morte. Ela te assombra. Eu falo que a gente vai dormir sem saber como vai acordar”, desabafa.

Fabiana passou por uma mastectomia radical, tirou toda a mama. Fez 16 sessões de quimioterapia e 25 de radioterapia. Depois dessas terapias, ela recebeu o positivo da mutação genética. “Por conta disso, retirei a outa mama preventivamente, trompas e ovários. O tipo de mutação das minhas células aumentavam muito as chances de ter novamente o câncer”, lembra.

“É uma doença na qual não sofre apenas a mulher. Toda a família e quem está à sua volta sofre junto. Por isso, eu levanto a bandeira e falo, tento alertar outras mulheres para que não passem pelo que passei”.

MULTIFATORIAL

O câncer, como alerta a diretora do Instituto Peito Aberto, é uma doença muito mais ligada aos hábitos do cotidiano do que com a genética. “É multifatorial, mais ligado com os hábitos do dia a dia. “A genética representa apenas 10% dos casos. O resto é tudo o que a gente faz no nosso cotidiano. Por isso digo que a gente pode, sim, ter o controle, mudar e não passar pela doença”, conta Fabiana.

Nessa época do ano, vestir a camisa rosa, usar o lacinho é só um detalhe. “Preciso refletir sobre o peso desse rosa, porque quando eu visto essa cor estou dizendo que faço tudo o que posso para enfrentar a doença. Não apenas o exame, uma vez por ano, mas me cuidar em todos os meus hábitos”, diz.

Para ela, a mulher deve se “empoderar” em todos os outros setores da vida. Como afirma Fabiana, na palestra, é preciso usar todo esse poder que ela tem para o autocuidado. “É preciso cuidar de você para que você possa cuidar e amar o outro. O auto cuidado deve estar bem encaixado na nossa agenda”, afirma.

Atividade física. Autoexame. Consultas anuais. Boa alimentação. Evitar o estresse. Dormir melhor. “São vários fatores que a medicina já aponta, hoje, que, em desequilíbrio podem aumentar, e muito, a chance da mulher ter câncer”, completa.

DE PEITO ABERTO

“O Instituto surgiu da dor. São mulheres que decidiram transformar o sofrimento em amor ao próximo”, conta a diretora. Segundo a Fabiana, durante a doença ela lembra que era imprescindível ter contato com que entendia e tinha informação sobre a doença.

“Um ano depois do término do meu tratamento, minha médica me convidou para fazer parte e atuar no Outubro Rosa. Aceitei para falar para a mulher que estava abandonada, lutando sozinha contra a doença. Foi assim que a gente começou o trabalho, pensando em apoiar as mulheres que recebem o diagnóstico e não têm condições”, diz.

O Instituto Peito Aberto acolhe essas mulheres e apoia não somente elas, mas as famílias que passam pela doença. “Ajudamos no que é possível para que ela passe por este momento de maneira mais leve”.

São vários projetos de acolhimento que envolve um equipe de 50 voluntários composta por profissionais da saúde, incluindo psicólogos, fisioterapeutas, dentistas, além de assistente social, advogados e outros. Além dos atendimentos, o Instituto desenvolve projetos e oficinas como costura, confecção de perucas (para doação a pacientes com câncer), aulas de pintura, inglês dança. “Tudo é voltado a essa paciente”, acrescenta.

Atualmente são 85 mulheres atendidas pelo Instituto Peito Aberto. O banco de perucas tem 350 cadastradas e mais de 150 doadas para o Brasil todo. “O Instituto é uma Ong. Vivemos de doações e parcerias para manter os nossos projetos”, diz Fabiana.

“Essas parcerias, como a que fizemos agora com a Portos do Paraná, nos ajudam a levar a imagem do Instituto e nosso trabalho, aumentando o número de mulheres informadas, principalmente sobre esse acolhimento”, afirma a fonoaudióloga.

A organização fica em Paranaguá. As informações completas estão no site peitoaberto.org.br/