Áudio vazado de jornalistas da Intecept  revela que diálogos sobre Moro e Lava Jato foram adulterados

Oswaldo Eustáquio, de São Paulo
Sem saber que estava sendo gravado, o editor-chefe do site The Intercept Brasil, Leandro Demori admitiu que ao menos uma reportagem comandada por Gleen Greenwald teve seus diálogos adulterados. Na verdade não apenas os diálogos, mas tudo, segundo ele.  
"Tava tudo errado. O que por exemplo estava errado? Tudo  tava errado. Nomes, data, blocos, citação. Tudo errado.", disse Leandro Demori no Starbucks, localizado no Campus do Anhembi, na Vila Olímpia em São Paulo neste local público que servia como uma redação improvisada por volta das 19 horas desta sexta-feira (28).  Embora Demori não soubesse que estava sendo gravado, o diálogo foi obtido de maneira lícita, pois o jornalista do site The Intercept falou isso em voz alta, visivelmente nervoso por causa daquilo que horas depois veio a tona: O site Intercept foi questionado por seus próprios leitores por erros graves em nomes, diálogos, datas e teve que se retratar por meio das redes sociais e de seu próprio site, informando erro de edição.
O que não viria a tona, e nesta reportagem mostramos com detalhes é que estava tudo errado, segundo o próprio editor-chefe do site, o que coloca em xequeo material divulgado pelo Intercept, que além de adulterado, é fruto de um crime e viola de forma direta o artigo 154 do Código penal brasiliro. O que chama a atenção também, é que diferente do que os jornalistas do Intercept tem dito, os arquivos roubados de Moro e dos procuradores da Lava Jato estão em seus laptops. A Polícia federal investiga uma possível ação de hacker nos celulares das autoridades.
O jornalista Oswaldo Eustáquio, que assina esta coluna estava no mesmo café, quando percebeu que não apenas Leandro Demori, mas parte da redação do site americano estava em uma mesa no estabelecimento. Com os computadores com adesivos do Intercept, os jornalistas estavam aparentemente nervosos. 
Dois seguranças acompanhavam a equipe do Intercept. Logo após os áudios terem sido gravados com informações que ainda não tinham vindo a tona, o jornalista Rafael Moro Martins, do site amerciano, se levanta para pegar um café e reconhece o jornalista Oswaldo Eustáquio. Ele fica assustado e estala os dedos para chamar a atenção de seus colegas que estavam como em uma força-tarefa da "Vaza Jato", editando o material obtido de forma criminosa e encaminhado por uma fonte sigilosa aos jornalistas.  
Três jornalistas mulheres estavam junto, uma delas foi mais além, no mesmo diálogo gravado. "Esta absolutamente tudo errado", disse ela. A reportagem do Agora Paraná tirou uma foto da mesa para garantir a autenticidade do fato, que pode ser atestado também pelos áudios. No mesmo contexto em que tudo estava errado na matéria o editor-chefe Leandro Demori fala em diálago que tambem foi gravado que eles estão passando "recibo". "A gente tá passando recibo. A gente escolheu pra nós. Ninguém faz isso.  Mas, a gente tomou uma decisão", disse Demori sem saber que estava sendo gravado. A reportagem também tem áudios gravados da equipe da Intercept falando sobre o "hacker". Essa informação será divulgada na próxima reportagem durante esta semana.
Objetivo do Intercept é libertar Lula, segundo editor-chefe
No mesmo dia, sexta-feira (28), por volta das 11 da manhã, Demori foi entrevistado pelo diretor da Abraji Fernando Rodrigues no Congresso de Jornalismo Investigativo da Abraji. 
Questionado pelo fato do site não lido todo o material antes de começar a  noticiar, o editor-chefe da Intercept informou para os mais de mil jornalistas presentes no Congresso que a decisão foi tomada com objetivo de libertar o ex-presidente Lula. “Quando você olha o material e imagina que exista ali indícios jornalísticos muito fortes de que pessoas estão presas injustamente e que ilegalidades estão sendo cometidas neste momento, você não senta por um ano em cima do material enquanto alguém estava comendo quentinha na cadeia”, disse, referindo-se de maneira indireta ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
Dois pesos, duas medidas. O jornalismo refém do "jornalismo"
Demori ainda foi questionado se o Intercept vai divulgar informações de diálogos entre jornalistas de outros veículos com membros da Lava Jato. "Vai ser analisado caso a caso" disse o jornalista. Caso a informação que possa ser divulgada coloque em risco o sigilo da fonte isso será colocado na balança, de acordo com Demori. Dessa forma, o Intercept quer se beneficiar do sigilo da fonte, mas não o respeitar quando se tratar de um colega de outra emissora. A reportagem entrou em contato por email com o editor-chefe da Intercept, mas até o fechamento não houve retorno. 
Parceria de divulgação deste material
Esta reportagem foi produzida pelo jornalista Oswaldo Eustáquio em parceria de divulgação com os portais República de Curitiba, Agora Paraná e Renews. Todos os dados do material bruto podem ser solicitados pelo fone 41-99192-3034.