Assembleia promove ações no Julho Âmbar para dar visibilidade ao luto parental no Paraná
Perder um filho é uma das experiências mais devastadoras que uma família pode enfrentar, e é justamente para dar visibilidade a essa realidade que o Paraná passou a reconhecer o Julho Âmbar como o mês estadual de conscientização sobre o luto parental. A data será lembrada de forma sensível com ações de acolhimento e escuta, na próxima semana, na Assembleia Legislativa do Paraná.
O Julho Âmbar foi instituído no Estado pela Lei nº 22.331/2025, sancionada em abril, e já traz resultados com a proposta de transformar o luto em empatia, amor e acolhimento. “Este mês dá visibilidade à dor de mães, pais e famílias na mais lamentável das experiências humanas: a perda de um filho. A proposta é transformar esse luto em espaços de escuta, diálogo e reflexão, tanto para quem vive essa realidade quanto para toda a sociedade”, explica o autor, o deputado Luiz Claudio Romanelli (PSD). O mês foi escolhido por incluir o 3 de julho, internacionalmente conhecido como o Dia dos Pais Enlutados.
Exposição
De 7 a 11 de julho, o Espaço Cultural da Assembleia recebe a exposição “Julho Âmbar: Retratos do Luto Parental”, com curadoria da artista visual Kátia Velo e co-curadoria de Fernanda Góss Braga, fundadora e presidente da organização da sociedade civil Dando Voz ao Coração (DVC).
A mostra reúne fotografias pessoais de 27 famílias que vivenciam o luto parental. São imagens íntimas e carregadas de significado, que expressam a ausência deixada pela partida de seus filhos e filhas. Cada fotografia traz o registro de memórias e momentos vividos com os filhos, numa tentativa de eternizar e dar visibilidade ao amor que permanece. “Não importa quão breve foi aquela vida, ela existiu, importa e faz parte daquela família que a recebeu com tanto amor e dedicação”, reforça a curadora, que é uma madrinha enlutada pela perda do afilhado Enrico Foglia, há mais de 20 anos. “Mas a dor é para sempre”, ressalta.
Segundo as organizadoras, a exposição é um tributo à memória, à saudade e ao amor que permanece após a perda. As imagens foram selecionadas em preto e branco como forma de expressar a atemporalidade dos sentimentos. Fernanda Góss Braga também destaca o papel da mostra como instrumento de sensibilização. “Ao criarmos esta exposição, abrimos caminho para sensibilizar uma sociedade que, muitas vezes, não sabe como lidar com o luto parental”, afirma.
A exposição também apresenta o trabalho da Associação Dando Voz ao Coração (DVC), que nasceu da vivência de mães de UTI e atua na promoção do acolhimento emocional, advocacy e proposição de políticas públicas, além de oferecer apoio ao luto e desenvolver publicações e produtos sociais com mensagens de empatia e cuidado.
Roda de conversa
Na quinta-feira (10), às 15 horas, no Salão Nobre, será realizada mais uma edição do Café das Estrelas, uma roda de conversa segura e exclusiva para mães e pais enlutados, que “entregaram suas estrelinhas aos céus”.
Para Kátia Velo, o encontro serve como forma de apoio, para amenizar a dor, dividir vivências e prestar uma homenagem. “É um espaço de escuta sem julgamento, onde esses pais podem falar livremente sobre seus filhos que partiram”, reforça Romanelli.
Acolhimento
O Julho Âmbar é um movimento internacional de conscientização sobre o luto parental, que tem ganhado visibilidade no Brasil nos últimos anos. Seus principais objetivos são: quebrar o silêncio em torno do luto parental, promover acolhimento e empatia, fortalecer redes de apoio e estimular políticas públicas e ações voltadas à saúde mental e emocional das famílias.
No Paraná, a Lei 22.331/2025 também estimula o desenvolvimento de campanhas educativas, a capacitação de profissionais e a criação de espaços de escuta. Na justificativa da proposição, Romanelli reforça que o compromisso da sociedade deve ser coletivo: “É papel do Poder Público, das instituições, da mídia, das escolas, das empresas e de toda a sociedade reconhecer e apoiar quem atravessa essa dor. O Julho Âmbar não é apenas um mês de lembrança, mas um convite à transformação do cuidado em política, em escuta, em respeito.”
A nível federal, a Lei nº 15.139/2025 foi sancionada em maio e cria a Política Nacional de Humanização do Luto Materno e Parental.
História
Segundo a Associação Brasileira Multiprofissional sobre o Luto (ABMLuto), o Mês de Conscientização do Luto Parental (Bereaved Parents Awareness Month, em inglês) é um movimento internacional para honrar os filhos que morreram e homenagear sua memória, fomentando o apoio social às famílias que tentam sobreviver após a morte de um filho. A iniciativa é atribuída aos americanos Peter e Deborah Kulkkula, que perderam seu filho Peter John aos 19 anos. Há registros, desde 2013, de organizações e movimentos que celebram a data.
Nacionalmente, a cor escolhida para representar a causa é o âmbar, por remeter ao nascer do sol e à esperança que esses pais precisam. A campanha também utiliza a imagem do girassol, pelo seu simbolismo de busca pela luz após a perda.