Curitiba passa a contar com curso de bacharelado em Museologia

O prefeito Rafael Greca participou da assinatura do decreto de criação do curso de bacharelado em Museologia com a governadora Cida Borghetti, na tarde desta segunda-feira (19/11), no Palácio Iguaçu. O curso de Museologia será ofertado pela Universidade Estadual do Paraná (Unespar) a partir de 2019, em Curitiba.

“O prefeito é o padrinho deste curso, ele foi muito importante nesse processo e terá que ministrar a aula magna”, sugeriu a governadora.

“Eu entendi a necessidade de autorizar a criação desse curso que vêm sendo pensado há muitos anos e que faz parte da luta de muitos profissionais dessa área. Um grande avanço que surtirá efeito não só na preservação da história do Paraná, mas também do nosso País”, disse Cida.

A governadora ressaltou que o Paraná é o primeiro estado a ofertar o bacharelado em Museologia em uma universidade estadual no Brasil. “Esse curso formará gestores que cuidarão do nosso patrimônio e que vão multiplicar conhecimento”.

Conservação do legado

O prefeito de Curitiba, Rafael Greca, agradeceu a sensibilidade da governadora em criar o novo curso de Museologia.

“A ideia do museu é a ideia da conservação do legado cultural da humanidade. Foi assim quando começou o Estado do Paraná, quando Antônio Ermelino de Leão, no prédio histórico da ponte do Ivo, na Praça Zacarias, abriu o nosso Museu Paranaense. Que depois teve por muitos anos como sua alma o Alfredo Romário Martins”, historiou Greca.

Para o prefeito, uma sociedade só consegue ser efetivamente inovadora e moderna quando ela já aprendeu a ser eterna. “O que a governadora está autorizando hoje é a afirmação de um curso para dar eternidade à memória e à arte do povo paranaense”, disse.

Greca defendeu também o compartilhamento da cultura, como forma de tornar o povo parte da história. “Nada é mais ridículo do que o agente cultural que esconde, que tranca. É importante ter o zelo pelos bens culturais, mas o mais importante é compartilhar este zelo, de maneira que os museus também estejam na internet, em sites modernos e usem a linguagem moderna”, citou o prefeito.

40 vagas

No próximo vestibular serão ofertadas 40 vagas para o curso de Museologia no turno matutino. A carga horária será de 2.848 horas, com regime de matrícula semestral. O período mínimo de conclusão da graduação será de quatro anos e o máximo de seis anos.

O curso será ministrado no Campus Curitiba I. Atualmente, o local tem 681 alunos matriculados e oferta 215 vagas todos os anos, em oito cursos de graduação: Artes Visuais (bacharelado e licenciatura), Canto, Composição e Regência, Pintura, Gravura, Escultura, Instrumento e Música.

O secretário de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Décio Sperandio, disse que este curso já vem sendo pensado há algum tempo e foi aprovado pelos conselhos superiores da Unespar. “Ele está sendo criado com base no potencial existente. Não será preciso contratar ninguém porque já existe esta expertise: já foi oferecido um curso de especialização em Museologia e agora o curso de graduação vem então para contribuir para formação de pessoas nesta área”, explicou o secretário.

O secretário justificou a criação do novo curso, citando como base a tragédia do incêndio do Museu Nacional do Rio de Janeiro. “Tenho certeza que vai ser um curso muito procurado em nível de país. É um curso inovador e extremamente necessário. Vamos formar pessoas para entender e compreender de gestão de museu. Recentemente tivemos o episódio do Rio de Janeiro em que foi muito criticada a gestão”, lembrou.

Estavam presentes no evento o secretário da Cultura, João Luiz Fiani; o coordenador do Sistema Estadual do Museu e Diretor do Museu Paranaense, professor Renato Carneiro; o coordenador de Ensino Superior da SETI do Paraná, Dr. Mário Cândido de Athaíde Júnior; o Reitor da UNESPAR, Antonio Carlos Aleixo; membro do Conselho Federal de Museologia, Clarete de Oliveira; membro da Associação dos Restauradores e Conversadores do Paraná, Rubia Stein; a diretora do Museu Oscar Niemeyer, Ilana Lerner, o Deputado Estadual, Luiz Claudio Romanelli; o professor Marco Aurélio; e a professora Maria José Justino.

Íntegra do pronunciamento do prefeito Rafael Greca

“Eu vim aqui agradecer governadora, a sua sensibilidade em criar o curso de Museologia no âmbito da Universidade estadual que abriga a Escola de Música e Belas Artes do Paraná.

A ideia do museu é a ideia da conservação do legado cultural da humanidade. Foi assim quando começou o Estado do Paraná, quando Antônio Ermelino de Leão, no prédio histórico da ponte do Ivo, na Praça Zacarias, abriu o nosso Museu Paranaense. Que depois teve por muitos anos como sua alma o Alfredo Romário Martins.

O movimento paranista que consolidou o movimento de arte que o Antônio Mariano de Lima, Mariquinha Aguiar, o Alfredo Andersen e outros artistas, começaram na ‘pequena’ Curitiba, da segunda metade do século 19, este movimento paranista que foi o nosso Modernismo, que tem no João Turim, no Langue de Morretes e no Guelfi, as suas maiores expressões, acabaria por gerar a Escola de Música e Belas Artes do Paraná, criada em 1948 e reconhecida federalmente em 1954.

Este curso de Museologia vem completar o arcabouço de cursos que a nossa gloriosa Escola de Música e Belas Artes oferece a sociedade paranaense.

A ideia de museu vem do Farol de Alexandria dos ‘museum’ dos faraós filadelfos, amigos das letras, que na antiga cidade da foz do rio Nilo, quiseram guardar o legado das musas, que transplantadas pelos oceanos, acabaram ancoradas aqui, no Templo das Musas, da Vila Izabel, sonho do grande professor Dario Veloso, um dos mentores do pensamento curitibano simbolista, que deu origem inclusive à nossa universidade.

A ideia de um museu é a transmissão de um legado de beleza e sabedoria. É também a afirmação dos governos e dos governantes quando querem firmar uma ideia. Assim guardou-se a memória da humanidade quando os papas do renascimento, a partir do papa Cisto V, começaram a abrigar no Palácio do Belvedere as estátuas que se encontravam nos arredores de Roma, nas chamadas áreas grotescas, que nada mais eram do que os palácios dos césares que foram aterrados com o tempo e tinham que ser explorados por buracos na terra.

Os museus nacionais firmaram os países: os reis da França quiseram criar o Museu do Louvre e Napoleão Bonaparte se pudesse teria pilhado a Europa inteira para rechear o Louvre. O maior museu da Itália é o Arqueologia, de Nápoles; o Museu do Prado foi feito pelos reis da Espanha; o Museu de Berlim, pelos kaisers.

O Pérgamo Museum tem uma cidade inteira grega dentro dele. E há museus em Lisboa e museus por todo mundo e o nosso imperador dom Pedro II não ficou atrás ao comprar as múmias que agora se perderam no incêndio do Museu Nacional. Ele doou a grande coleção de antiguidades da sua mulher, a imperatriz Teresa Cristina Maria, que deixou esta fabulosa coleção para o Brasil queimar…

O que não se compartilha, se perde! Digam às musas que não se esqueçam da importância dos museus. Digam às musas que protejam as mãos de quem tem que preparar os acervos para revelá-los ao povo. E que não se descuidem também de não só prepará-los e conservá-los, mas de compartilhá-los. Nada é mais ridículo do que o agente cultural que esconde, que trancao acervo. É importante ter o zelo pelos bens culturais, mas o mais importante é compartilhar este zelo, de maneira que os museus também estejam na internet, em sites modernos e usem a linguagem moderna. Porque uma sociedade só consegue ser efetivamente inovadora e realmente moderna quando ela já aprendeu a ser eterna. O que a governadora está assinando hoje é a afirmação de um curso para dar eternidade à memória e à arte do povo paranaense. Viva o Paraná!