Curitiba planeja o futuro do turismo pós-pandemia
O setor do turismo enfrenta um dos momentos mais desafiadores de sua história, trazido pela pandemia do novo coronavírus. Ações de suporte, de reorganização, de reposicionamento e fomento da atividade estão sendo reconstruídas, procurando soluções às previstas necessidades que emergirão no processo de retomada da atividade.
Neste sentido, o Conselho Municipal de Turismo criou uma Comissão Técnica de Enfrentamento da Pandemia para acompanhar como Curitiba está enfrentando a pandemia e propor estratégias que auxiliem o trade.
Sob o aspecto econômico, além de ações de incentivo que visam mitigar impactos do fechamento de empresas e redução do número de empregos, estão sendo oferecidos mecanismos de crédito e possibilidades de investimentos por instituições financeiras e órgãos competentes nas esferas federal, estadual e municipal.
Inovações
O portal digital da Feira do Largo da Ordem proporciona aos artesãos vitrines virtuais que dão visibilidade aos produtos, favorecendo a comercialização. A abertura da plataforma https://feiradolargo.curitiba.pr.gov.br foi uma medida inovadora que ajudou na retomada de renda dos artesãos.
“Com o portal, a Feira do Largo da Ordem deixou de ser apenas aos domingos para acontecer 24 horas por dia e se consolida como um canal direto de contato entre o consumidor e o artesão”, salienta Tatiana.
Outro exemplo, desta vez da iniciativa privada, são os cinemas Drive In que, além de uma oferta de entretenimento local, coincidem com locais que são tradicionais empreendimentos turísticos e reforçam em suas ações de divulgação a imagem da cidade turística.
A tecnologia como parceira
O uso da tecnologia se destaca como importante instrumento para o distanciamento social, favorecendo a redução do contágio pelo vírus. Também permite novas experiências aos turistas e melhor gerenciamento aos empresários, com a comercialização de ingressos on-line, a disposição de totens para auto-atendimento, serviços e informações complementares através de aplicativos, visitas virtuais a atrações como museus e parques.
Novos parâmetros sanitários
Ainda que interferindo na organização das empresas e dispondo regras para o comportamento dos turistas, os novos parâmetros vêm sendo demandados por todos os segmentos turísticos às autoridades de saúde.
O Instituto Municipal do Turismo destinou uma área em seu site especialmente dirigida aos empresários e gestores do setor, onde podem encontrar orientações, documentos legais, protocolos, pesquisas e documentos complementares para apoio ao gerenciamento de empresas.
O Ministério do Turismo lançou o Selo “Turismo Responsável – Limpo e Seguro” com o objetivo também de reforçar a questão da segurança e higiene. Os protocolos foram construídos em parceria com o trade, levando em consideração diretrizes internacionais, e contou com a validação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O selo é uma medida aplicada também por destinos europeus e procura contribuir para a reconquista da confiança do consumidor em viajar.
“O momento, embora não pareça, é propício para se falar de viagens, despertar o imaginário das pessoas, visto que estão em isolamento e planejam suas próximas experiências com ansiedade, mesmo com a concretização da viagem sendo um fato futuro, sem data marcada”, explica Tatiana.
Curitiba e seus atrativos
Destinos que permitam mais atividades sem aglomeração, demonstrem maior cuidado e zelo por seus cidadãos e turistas e que proporcionem experiências singulares se tornarão mais competitivos.
Neste quesito, Curitiba sai na frente. Os mais conhecidos cartões-postais de Curitiba são os parques e espaços abertos, o que contribui para uma retomada turística com mais segurança. Vários desses atrativos passaram recentemente por renovações.
O Jardim Botânico foi revitalizado no final de 2019, na mesma época o Passeio Público ganhou o coreto Digital, o Parque São Lourenço está recebendo o Memorial João Turin. O Centro Histórico vem se transformando em um grande espaço turístico, com a revitalização do Belvedere, a modernização das atividades na Galeria das Arcadas, a instalação do Liceu de Ofícios Criativos e obras de acessibilidade juntamente aos demais empreendimentos culturais, como Memorial de Curitiba, Museu Paranaense, Casa Hoffman, Conservatório de MPB.
Está sendo firmado também o convênio com o Ministério do Turismo e Instituto Municipal de Turismo para a instalação de sinalização interpretativa nos principais atrativos da cidade.
Já o Calendário de Eventos da cidade, outro importante instrumento de atração de turistas, deverá ser reorganizado.
“O interessante é que mesmo com ferramentas tecnológicas substituindo os encontros presenciais, os profissionais do setor não enxergam como o fim, pelo contrário, acreditam que as dimensões, as inovações e as experiências que trarão, darão mais exclusividade e dinamismo aos eventos”, diz Tatiana.
O novo turista e seus destinos
Nas primeiras viagens, estima-se que as pessoas se deslocarão para destinos próximos, com carro próprio e autonomia para decidir quando ir e voltar. Será a etapa de fortalecimento do turismo regional e gradativamente expandindo para o nacional e internacional.
“Acredito que o turista terá mais consciência sobre o consumo e valorizará ainda mais aspectos sustentáveis de empresas, produtos, serviços e destinos que tenham em suas essências valores culturais locais”, afirma Tatiana.
Para a presidente do IMT, o desafio é como apresentar ao turista as incontáveis iniciativas sustentáveis de Curitiba, antes da viagem e durante a sua estada na cidade.
Um caminho de sucesso
Em Curitiba, o setor turístico apresentou crescimento exponencial nos últimos anos. Superou a marca de 7 milhões de visitantes em 2018, dos quais 5,5 milhões de turistas e mais de 1,5 milhão de excursionistas, consolidando posição entre os principais destinos turísticos do país.
Recuperou a terceira posição como destino para viagens de negócios e eventos entre os turistas estrangeiros que visitaram o Brasil e por anos consecutivos vem aparecendo entre os dez primeiros destinos preferidos no período entre dezembro e fevereiro para o mercado doméstico.
“É um destino que vinha sabendo diversificar sua oferta consolidada para viagens corporativas, congressos e outros eventos profissionais e com o segmento de lazer, que estava crescendo significativamente”, observa Tatiana.
Ainda de acordo com a presidente do IMT, o trade está se movimentando, tanto para a revisão dos modelos de negócios e sua sobrevivência, quanto para a discussão de novas ideias para a retomada e para a superação da crise.
Há indicações de que o turismo será o setor produtivo que deverá ter recuperação mais lenta no pós-pandemia. Para minimizar os grandes impactos, instituições representativas, empresários e profissionais liberais dialogam incansavelmente para se reinventar.