Festa além do samba e do tempo leva multidões e zumbis às ruas de Curitiba
A Marcha Zombie Walk já é tradição em Curitiba e o número de seguidores é cada vez maior. Neste domingo, a Boca Maldita e a praça Santos Andrade ficaram lotadas de zumbis com todo o tipo de fantasia e maquiagem.
O prefeito Rafael Greca, acompanhado da presidente da Fundação de Cultural de Curitiba (FCC), Ana Castro, e do diretor de Cultura, Edson Bueno, definiu a marcha como “a expressão da alma curitibana para a fantasia, o sonho, o conto, para as memórias culturais da vida”.
“Está no DNA desta cidade o espírito teatral, há mais de 200 anos temos teatro”, comenta o prefeito.
A festa, embalada pelo rock, é curtida por gente de todas as idades. Famílias se fantasiam para viver com muita diversão o horror à luz do dia. Rodrigo Gonçalves veio com a esposa Juliana, o filho de 8 anos e o sobrinho, de 7. Todos fantasiados. Há quatro anos participam da marcha dos zumbis.
“Nós deixamos de viajar para estar aqui, sempre. É o nosso Carnaval”, conta Rodrigo.
Juliana conta que as fantasias e maquiagem são planejadas meses antes. “É uma tradição de Curitiba, não tem mais como acabar”, opina.
E o prefeito Rafael Greca também acredita nesta tradição. “Essas pessoas saíram dos teatros, das noites do tempo, dos gabinetes de maquiagem para a luz do dia para reviver a loira fantasma, o vampiro de Curitiba e todas as memórias dos filmes de horror que provocam medo, pressão, ansiedade. Foi um suspense ver tantos mortos-vivos à luz do dia. É uma opção para quem não curte o Carnaval do samba-enredo”, explica.
"Num clima de harmonia, famílias se reuniram para viver momentos de muita descontração e alegria", comenta Ana Castro.
Teve até a Medusa, da mitologia grega. Ela foi representada na fantasia da veterinária Simone Gonçalves da Silva. “Acho uma figura muita interessante pela representação feminina. Ela é linda, na verdade foi penalizada por ser linda”, conta.
Paixão antiga
Da marcha zumbi o prefeito seguiu para o Passeio Público, onde visitou o Festival de Veículos Antigos. “A exposição de carros antigos nas alamedas do Passeio Público, unindo todos os clubes de colecionadores da cidade, remete à memória de Fido Fontana, industrial do mate, que trouxe, em 1903, o primeiro automóvel para Curitiba. A população ficava espantada porque era a primeira carruagem sem cavalos”, conta o prefeito.
A exposição é uma oportunidade para a população conhecer e admirar os carros antigos que vão desde um Fusca azul 1960 até um Maverick superluxo azul, ou conhecer o Ford 1940, da colecionadora Mariane Busso.
Ela conta que colecionar carros antigos é uma herança familiar. “É uma mistura de sangue com combustível. Começou com o meu pai, que foi tricampeão paranaense de automobilismo na década de 50, com um Ford de ano 38. Na época das carreteiras, meu pai tinha uma oficina mecânica na Comendador Araújo que era ponto de encontro, referência na cidade”, lembra. Ela estava acompanhada do marido Luiz Carlos e das filha Mariú Buso (15) e Viccenza (4). Assim como ela e a irmã Miriam, as filhas desde pequenas são apaixonadas por carros.
“Já estou acostumada, desde criança acompanhava o meu avô. Já fui em vários encontros aqui em Curitiba e em outras cidades e estados. E o encontro no Passeio Público foi muito bom, a gente reúne a família, encontra os amigos, aproveita para brincar. Unimos o útil ao agradável”, argumenta Mariú.
Bonecos gigantes
Outra atração do Passeio Público, neste domingo, foram os bonecos gigantes. Depois de brilharem na Marechal Deodoro como Carmen Miranda, Pierrot, Arlequim e outros personagens carnavalescos, eles atraíram a atenção de adultos e crianças que foram ao Passeio para brincar no carrossel ou assistir ao show de blues, rock, pop e MPB. "Cada um no seu tempo, na sua idade, num mesmo espaço que foi revitalizado e devolvidos às famílias curitibanas”, afirma Greca.
Para a presidente da FCC, os bonecos trouxeram magia. "Isso alegrou crianças e famílias, que brincaram e dançaram", ressalta Ana Castro.