Quatrobarrense representa o Paraná em Encontro Nacional sobre Direitos das Crianças e Adolescentes no Rio de Janeiro

O evento que aconteceu no Colégio Marista São José, no bairro da Tijuca, reuniu jovens dos Comitês de Participação dos Adolescentes (CPA) de todo o Brasil e dos países da América do Sul, Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai.

Além de representantes da coalizão brasileira, do Fórum Nacional dos Direitos da Criança e Adolescente (FNDCA), participaram membros da Red Latinoamericana y Caribeña (REDLAMYC). A coalizão interamericana atua em 18 países e é considerada a maior rede de proteção de crianças e jovens do mundo.

Dada a relevância do debate, é possível mensurar a importância da participação de um representante quatrobarrense num dos maiores eventos sobre proteção de crianças e jovens.

Em entrevista, João Pedro conta um pouco como foi a experiência e fala sobre os anseios e desafios de agora em diante. João Pedro faz parte do projeto de contraturno escolar na Praça CEU do Jardim Menino Deus. Ele participa das aulas de desenho em quadrinhos, informática e orientação para o mercado de trabalho.

Quais as impressões que você pode considerar mais relevantes da sua participação no Encontro?

João Pedro – Eu não tinha ideia da grandeza que seria o evento. Quando cheguei lá é que percebi a importância de estar discutindo os direitos para nós jovens e para as crianças. Agora entendo a responsabilidade.

O que você tira da experiência que viveu nesses quatro dias em que conviveu com jovens de todo o Brasil e da América?

João Pedro – Foi muito bom conhecer pessoas de outras culturas, saber da dificuldade que eles enfrentam e ver que não é tão diferente das nossas. Entendi que nós jovens temos os mesmos desafios, seja aqui no sul, no norte ou até em outros países.

De tudo que foi discutido quais os pontos que você considera mais importantes e que gostaria de ver a implantação em Quatro Barras?

João Pedro – Acredito que a educação é o que tem de mais importante. Entendi que um ambiente limpo, uma escola bem cuidada e com professores bem preparados pode ser o começo de tudo. Depois vem a saúde e o esporte para melhorar a vida. Se a escola for mais agradável vai ter menos alunos desistentes. E mais importante: ter acesso a cursos técnicos que nos dêem a chance de trabalhar. Sem trabalho corremos o risco de cair na marginalidade.

O que você acha que mudou na sua vida com a participação nesse evento?

João Pedro – Mudou muita coisa. Aprendi sobre muitos direitos que eu tinha e não sabia. Mas também aprendi sobre deveres. Aprendi que tenho responsabilidades e que agora represento a voz de muitos jovens e crianças paranaenses e também do Brasil. Outra coisa que eu não sabia, era que tinha tantas pessoas tentando ajudar os jovens. Agora me sinto parte dessa luta. Por exemplo, descobri que é obrigatório ter um Grêmio Estudantil nas escolas e que em Quatro Barras nem todas as escolas têm. Vou me empenhar para que todas as escolas montem seus Grêmios.

Quais os problemas que os jovens de outros estados mais enfrentam que você identifica que em Quatro Barras também existem?

João Pedro – O racismo e o preconceito é bem grande. Por exemplo: quando eu estava voltando, no aeroporto quando passei no controle, ele apitou. O guarda pediu para eu tirar meu sapato e levantou minha camisa, me revistou. Mas o cara na minha frente (branco), ele também apitou e o guarda pediu apenas para ele só tirar o sapato. Nesse momento percebi do que as pessoas estavam falando lá no encontro. Do preconceito que está nos detalhes, agora posso dizer que senti na pele. Isso acontece com o skatista, funqueiro, com o gay e é contra isso que devemos lutar.

O que você vai guardar para a vida dessa viagem?

João Pedro – Com certeza eu voltei diferente. Trouxe comigo uma semente (de feijão) que foi entregue a todos os participantes. Mas, na verdade, a semente foi plantada no meu coração. Agora sei da importância de lutar pelos meus e pelos direitos de todas as crianças e adolescente do Brasil. Isso não vai mudar nunca.