Paraná é terceiro estado que mais cadastra doadores de medula
O Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná (Hemepar) é responsável pelo maior número cadastros de doadores de medula óssea no Estado. São quase 32 mil pessoas por ano incluídas no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome). Os voluntários garantem ao Paraná a colocação de terceiro estado no país que mais cadastra doadores, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro.
De acordo com o secretário de Estado da Saúde, Antônio Carlos Nardi, este é um gesto de solidariedade que deve ser passado adiante. “O Governo do Estado reconhece a doação de sangue e de medula como um exercício de cidadania de máxima importância. Graças aos cidadãos que se dirigem às unidades da Rede Hemepar, distribuídas por todo o Estado, podemos fazer a diferença na vida das pessoas que precisam de transfusões ou transplantes”, afirma o secretário.
O transplante de medula óssea pode ajudar no tratamento de até 80 doenças, como leucemia, anemia e câncer, em diferentes estágios e faixas etárias. Um fator que dificulta o procedimento é a falta de doador compatível, já que as chances de encontrar um cadastro conciliável são de uma em cada 100 mil pessoas, em média.
A bióloga do Hemepar Jaqueline Morcelli Castro, responsável por encontrar doadores compatíveis, explica que o maior problema durante a busca é a desatualização das informações do cadastrado. “Muitas vezes é confirmada a compatibilidade, mas não conseguimos encontrar o cadastrado. Por isso, é imprescindível que o doador mantenha o cadastro no Registro Redome com telefone e endereço mais recentes”, frisa Jaqueline Castro.
Em 2017, o Hemepar contabilizou 29 doadores de medula óssea compatíveis. A média é de entre 6 a 10 doadores a cada semestre. Em 2018, um dos doadores de medula é o produtor cultural, Everson Farias Batista, que fará o procedimento de doação no início de maio.
SOLIDARIEDADE – Em 1999, Batista sofreu um acidente grave de carro, precisou passar por cirurgia e transfusão de sangue. Ele que conta que inspirado pela bondade alheia decidiu ser um doador. Mas foi apenas em 2004 que Everton realmente fez sua primeira doação de sangue. “Não parei desde então. Sempre reservo um momento na agenda para ir até o Hemonúcleo mais perto de onde estou para doar”, diz.
Em 2012, ele percebeu que não era o suficiente e cadastrou-se como doador de medula óssea. Para sua surpresa, em janeiro deste ano foi informado que havia um receptor compatível.
Emocionado, o morador de Curitiba foi até o Hemepar fazer todos os exames necessários. “A equipe do Hemepar é maravilhosa, eles nos atendem com muito cuidado, me senti acolhido. Passei por todos os procedimentos e fui ‘aprovado’ no teste de compatibilidade. Estou muito empolgado!”, comemora Everton.
Pai de três filhos, ele completa que todos deveriam reservar um momento para fazer o bem a outra pessoa. “Se alguém ainda estiver em dúvida em ser doador ou não, eu falo: seja. Porque é uma atitude muito bonita, é uma ação simples, mas que pode salvar uma vida e transformar uma realidade. É fantástico saber que você tem o poder de curar alguém. Ter gasto cinco minutos fazendo o cadastro foi uma das minhas melhores decisões”, celebra.
PROCEDIMENTO – O diretor do Hemepar, Paulo Hatschbach, esclarece que existem três formas de doar medula: pelo cordão umbilical, sangue periférico ou pulsão – as duas últimas são as mais comuns. O método por pulsão retira, com agulha, a medula armazenada no osso da bacia. O procedimento de sangue periférico, também chamado de aférese, é realizado como uma doação de sangue normal, mas em centro cirúrgico.
“Parecem métodos complicados, mas são muito simples e duram em torno de 90 minutos. É uma ação muito nobre e que garante a qualidade e a continuidade de uma vida”, acrescenta o diretor.
DOAÇÃO – Para se tornar um doador de medula óssea é necessário ter entre 18 e 55 anos de idade, estar em bom estado de saúde, não ter doença infecciosa, incapacitante ou neoplásica, como câncer, hematológica ou do sistema imunológico.
O interessado em se tornar um doador também deve ir até o Hemonúcleo mais próximo e pedir para o técnico fazer seu cadastro no Redome. Após essa etapa, é coletada uma pequena amostra de sangue para constar nos registros de compatibilidade.