Paraná tem estoque de vacinas para enfrentar a febre amarela

A Secretaria de Estado da Saúde confirmou nesta quarta-feira (30) que enviou reforço de doses de vacinas contra a febre amarela a todas as 22 Regionais do Paraná. De acordo com o diretor-geral Nestor Werner Junior, todas as unidades estão abastecidas e a secretaria dispõe de um estoque estratégico de 300 mil doses para qualquer eventualidade.

A faixa etária recomendada para vacinação é de 9 meses a 59 anos. Desde julho do ano passado todo o Paraná é área com recomendação de vacinação. O foco urgente, no entanto, é intensificar a imunização nos sete municípios da 1ª Regional (Litoral) e nos 29 da 2ª Regional (Região Metropolitana de Curitiba), por estarem mais próximos ao Estado de São Paulo, onde a confirmação de circulação do vírus da febre amarela é mais antiga.

No Paraná foi confirmado apenas um caso da doença nesta terça-feira (29). Um jovem de 21 anos está no Hospital Regional do Litoral e apresenta um quadro moderado e estável. A Secretaria também confirmou a notificação de outros 29 casos, que estão sob investigação.

“O grande número de notificações não deve assustar a população, porque revela que o trabalho de vigilância está sendo feito”, afirmou o diretor do Centro Epidemiológico do Paraná, João Luís Crivellaro. A Secretaria também criou o Centro de Operações em Emergências em Saúde (Coes) para monitorar a febre amarela e traçar as estratégias de enfrentamento da doença.

A população de maior risco à exposição ao vírus é a que reside em áreas rurais, de matas, ou que costume frequentar áreas silvestres, tanto por trabalho quanto esporadicamente por turismo. Só devem tomar vacina quem nunca foi vacinado, já que a imunização é feita com apenas uma dose em qualquer época da vida.

Estratégias para enfrentamento da febre amarela. Ações já realizadas:

– Intensificação da vacinação – com foco nas 1ª e 2ª Regionais de Saúde (Paranaguá e Curitiba). A mobilização começou já no início de janeiro, em função do registro de casos da doença em São Paulo, especialmente nas matas que fazem divisa com o Paraná, e da possível circulação do vírus nos municípios vizinhos.

– Videoconferências com áreas técnicas das 22 Regionais de Saúde – com alertas para a importância da vacinação e capacitação dos agentes de saúde para identificar riscos.

Dia 22 de janeiro (terça-feira) – Técnicos da Vigilância da Secretaria Municipal de Saúde de Antonina, num trabalho de intensa busca, encontraram três macacos mortos. No mesmo dia, a Secretaria da Saúde do Estado coletou material para enviar aos laboratórios e foi feito contato com a Secretaria do Meio Ambiente recomendando atenção e controle nas áreas de parques e áreas de mata próximas a Antonina e em todo o Litoral.

Dia 25 (sexta-feira) – Exames confirmaram a presença do vírus da febre amarela em dois macacos encontrados mortos na localidade de Mato Queimado, região de Antonina.

Dia 26 (sábado) – Duas grandes ações foram realizadas no Litoral do Paraná.

EM MATINHOS 

Uma reunião com integrantes da 1ª Regional de Saúde e secretários municipais de Saúde dos sete municípios do Litoral. Objetivo: Reforçar a importância das ações de vacinação e outras medidas preventivas de informação e capacitação dos técnicos.

EM ANTONINA 

O município já havia programado uma mobilização para vacinar a população. A Secretaria reforçou e apoiou este trabalho com profissionais, insumos, orientação aos profissionais de saúde e material de comunicação. A orientação foi a busca ativa de pessoas não vacinadas especialmente em comunidades de difícil acesso, onde a circulação do vírus é mais provável.

Dia 28 (segunda-feira) – Implantação do Coes (Centro de Operações em Emergências em Saúde). Grupo multidisciplinar para acompanhar, orientar, compilar dados, repassar informações transparentes e seguras, apoiar municípios com informações técnicas. O Coes tem profissionais do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs), Urgência e Emergência, Atenção Básica, Lacen, Vigilância em Saúde e Comunicação.

Dia 29 (terça-feira) – Grupo técnico da Secretaria da Saúde foi novamente ao Litoral. Em Paranaguá – 1ª Regional de Saúde – foi criado o Coes regional e, em Antonina, foram reforçadas as estratégias de enfrentamento da doença.

Neste esforço concentrado, Antonina vacinou 3.276 pessoas (dados do dia 29).

Dia 29 (terça-feira) – Confirmado o primeiro caso de febre amarela no Paraná. Um jovem de 21 anos, que nunca havia sido vacinado. O caso foi identificado quando uma força tarefa da Secretaria foi ao Litoral. O jovem está internado e o estado de saúde dele é bom.

O último caso de febre amarela urbana no Brasil ocorreu em 1942, no Acre.

Nos últimos 10 anos foram registrados no Paraná oito casos de febre amarela – sendo dois autóctones e seis importados.

ALERTA PARA A POPULAÇÃO:

Independente da situação vacinal, que façam uso de medidas de proteção individual, tais como repelente, telas em janela, mosquiteiros, calças compridas, blusas com manga comprida e evitem deslocamentos para áreas de risco.

PERGUNTAS E RESPOSTAS

Secretaria de Estado da Saúde do Paraná.

1. O QUE É A FEBRE AMARELA?

É uma doença infecciosa causada por vírus, que se manifesta por febre, dor no corpo, amarelão, fraqueza e com alto risco de morte em suas formas mais graves.

2. QUAIS AS ÁREAS DE RISCO PARA A TRANSMISSÃO?

Áreas onde já há casos confirmados da doença, mortes de macacos por febre amarela e detecção do vetor (mosquito). Ainda assim, as áreas consideradas de maior risco são os locais de matas, florestas, rios, cachoeiras, parques e o meio rural.

3. QUAL É O TRANSMISSOR (VETOR) DA FEBRE AMARELA?

Na forma silvestre, o vetor (mosquito) é o Haemagogus e o Sabethes. Eles são encontrados em áreas silvestres e de mata. Já na febre amarela urbana (último registro em 1942), a doença é transmitida pelo Aedes aegypti e Albopictus. Daí a grande importância de controle desse vetor, pois além da dengue, zika e chikungunya, também pode transmitir a febre amarela.

4. COMO OCORRE A TRANSMISSÃO DA DOENÇA AO HOMEM?

Ao picar um macaco ou uma pessoa doente por febre amarela o mosquito adquire o vírus e depois de alguns dias, quando picar outros macacos ou humanos, transmitirá a doença.

5. QUAL O PAPEL DOS MACACOS NA TRANSMISSÃO DA FEBRE AMARELA?

Os macacos não transmitem a febre amarela. Adoecem e morrem da mesma forma que os humanos. Por isso, a morte de macacos é um sinalizador da presença do vírus na região.

6. QUANTO TEMPO LEVA DA PICADA ATÉ O INÍCIO DOS SINTOMAS?

Geralmente de três a seis dias após a picada, podendo levar até 15 dias.

7. QUAIS OS SINTOMAS DA FEBRE AMARELA?

Os sintomas iniciais incluem febre súbita, calafrios, dor de cabeça, dor nas costas, dor no corpo, náuseas, vômitos e fraqueza. A maioria das pessoas melhora após os sintomas iniciais. No entanto, cerca de 15% dos casos apresentam um breve período de melhora e, então, desenvolvem uma nova fase mais grave da doença.

Nesses casos, a pessoa pode desenvolver febre alta, icterícia (coloração amarelada da pele e do branco dos olhos), hemorragia (especialmente a partir do trato gastrointestinal) e, eventualmente, choque e insuficiência de múltiplos órgãos. De 20 a 50% das pessoas que desenvolvem a forma grave da doença morrem.

8. OS SINTOMAS DA FEBRE AMARELA PODEM SER CONFUNDIDOS COM OS DE OUTRAS DOENÇAS? É NECESSÁRIO FAZER O DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL PARA EVITAR DÚVIDAS?

Os sintomas podem ser confundidos com outras infecções agudas febris. O diagnóstico da forma leve e da forma moderada é difícil, pois pode ser confundido com outras doenças infecciosas do sistema respiratório, digestivo ou urinário.

Formas graves com quadro clínico clássico ou fulminante devem ser diferenciadas de malária, leptospirose, febre maculosa, dengue e outras arboviroses (doenças transmitidas por insetos), e também dos casos fulminantes de hepatite. É necessário fazer o diagnóstico diferencial para:

Dengue, zika, chikungunya ou outras arboviroses;

Leptospirose: verificar contato com águas de enchentes/roedores;

Hepatites agudas: verificar estado vacinal;

Febre maculosa: verificar contato com carrapatos;

Malária: viagem para áreas endêmicas.

09. COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO DA FEBRE AMARELA?

Confirmação laboratorial dos casos suspeitos.

10. O VÍRUS DA FEBRE AMARELA APRESENTA MUTAÇÃO?

O vírus da febre amarela e o vírus vacinal apresentam uma grande estabilidade genética. Até o momento, não foram detectadas mutações.

11. O QUE VOCÊ DEVE FAZER SE APRESENTAR OS SINTOMAS?

Deve procurar um médico na unidade de saúde mais próxima e informar sobre qualquer viagem ou atividade em área de risco em até 15 dias antes do início dos sintomas.

A observação da morte de macacos assim como picadas de mosquitos em áreas de risco devem ser informados ao médico e enfermeiros assim como o histórico de vacinação contra a febre amarela ou dengue.

12. QUAL É O TRATAMENTO DA FEBRE AMARELA?

Não há tratamento específico para a doença. O médico deve tratar os sintomas, como febre, dores no corpo e cabeça, com analgésicos e antitérmicos, e oferecer suporte.

Assim como na dengue, anti-inflamatórios e salicilatos (aspirinas) devem ser evitados, pois o uso pode favorecer sangramentos. O paciente deve ser acompanhado de perto e o médico deve estar alerta para qualquer sinal de piora do quadro clínico.

13. QUE ÉPOCA DO ANO HÁ MAIS CASOS DA DOENÇA?
A série histórica da doença no Brasil tem demonstrado maior número de casos humanos nos meses de dezembro a maio, devido aumento da temperatura na estação das chuvas, favorecendo a reprodução e proliferação de mosquitos (vetores) e, por consequência, o potencial de circulação do vírus.
14. EM QUE HORÁRIO DO DIA HÁ MAIOR RISCO DE SER PICADO PELO MOSQUITO VETOR?
Os vetores têm hábito diurno, realizando o repasto sanguíneo (alimentação) durante as horas mais quentes do dia.

15. A FEBRE AMARELA É CONTAGIOSA?
A doença não é contagiosa, ou seja, não há transmissão de pessoa a pessoa ou de animais (macacos) às pessoas. É transmitida somente pela picada de mosquitos infectados.

16. COMO A DOENÇA PODE SER EVITADA?
A melhor forma é por meio da vacinação, que está disponível nas unidades de saúde. Também se recomenda proteção individual com o uso de roupas de mangas compridas, repelentes e mosquiteiros.

17. QUEM TEM INDICAÇÃO DE TOMAR A VACINA CONTRA A FEBRE AMARELA?
Todos os indivíduos de 9 meses a 59 anos de idade que moram em áreas com recomendação de vacinação e que nunca foram vacinados devem buscar uma unidade de saúde.

O alerta se estende a quem mora em áreas rurais ou de matas e rios, ou que realizam atividades de trabalho ou lazer como pesca, agricultura, extrativismo de madeira e também os que planejam deslocamentos para áreas com casos confirmados da doença. Nesse caso, a vacina deve ser tomada pelo menos 10 dias antes do deslocamento para o local de risco.

18. JÁ TOMEI UMA DOSE DA VACINA, DEVO TOMAR REFORÇO?

Conforme recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), apenas uma dose da vacina é indicada para a prevenção, mesmo que já tenha passado 10 anos da aplicação.

19. SE A PESSOA PERDEU O CARTÃO DE VACINAÇÃO, ELA PODE IR AO POSTO SE VACINAR?
Sim, mas se a unidade de saúde tiver o registro que a pessoa já tomou a vacina não será preciso revacinar. Atualmente a Organização Mundial da Saúde (OMS) indica dose única.

20. PODE HAVER PROBLEMA SE A PESSOA TOMAR A VACINA E LOGO DEPOIS INGERIR ÁLCOOL?
Não há problema de associação de álcool com a vacina.

21. QUEM TOMA A VACINA PODE TOMAR QUALQUER TIPO DE MEDICAMENTO DEPOIS? MESMO UM REMÉDIO CONTROLADO? EXISTE ALGUMA RESTRIÇÃO? E OS REMÉDIOS QUE CONTÊM ÁCIDO ACETILSALICÍLICO, TIPO AAS E ASPIRINA?
Não há nenhum problema de interação medicamentosa entre a vacina e outros medicamentos, qualquer que seja o medicamento.

22. A VACINA PODE PROVOCAR REAÇÕES ADVERSAS?
Sim, qualquer vacina pode provocar reações adversas leves, moderadas ou graves. Por esse motivo, orienta-se procurar uma unidade de saúde ao surgimento de qualquer sintoma pós-vacinação.

23. QUAIS OS PRINCIPAIS SINTOMAS EM CASO DE REAÇÃO ADVERSA?

A vacina pode provocar na maioria das vezes reações locais, dor de cabeça, febre e mal-estar em algumas pessoas.